Em unidade de ação, as Centrais Sindicais realizaram ontem um ato contra os juros altos em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, em São Paulo. Foi uma manifestação de repúdio a essa política econômica recessiva e para pressionar o Copom (Comitê de Política Monetária), que está reunido desde ontem, a baixar a taxa Selic, que é usada nas negociações de títulos públicos e também é referência para as demais taxas cobradas pelo mercado e pelo sistema financeiro.
O governo federal tem que entender que juros altos inibem o consumo, estrangulam a produção e diminuem postos de trabalho. Juros baixos fomentam o consumo, aumentam a produção e geram emprego, que éo que Brasil mais precisa, sobretudo neste momento de recessão.
A roda da economia precisa ser destravada e girar positivamente nesta direção, para diminuir o contingente de cerca de 11 milhões de desempregados do País, gerar renda, até por uma questão de sobrevivência de milhões de brasileiros, e acabar com a farra de taxas de mais de 470% ao ano no cartão de crédito, 311% no cheque especial, segundo levantamento do Dieese;por isso o corte drástico dos juros é tão importante. Juros altos só favorecem quem vive da especulação e não da produção e do trabalho.
Vale lembrar que a taxa de juros pesa tanto na viabilização de investimentos na economia (aumento da produção e ampliação do parque industrial), como no crescimento da atividade econômica, sobretudo nas decisões de consumo das famílias. Além disso, no caso do Brasil, a taxa de juros influencia a dívida pública, tendo em vista que parte da dívida é corrigida pela Selic.
O governo federal precisa ter coragem para enfrentar a crise de frente e baixar efetivamente os juros que encarecem a economia. As centrais sindicais unidas vão preparar uma jornada de lutas pela redução dos juros, pelo emprego e manutenção dos direitos trabalhistas e previdenciários e pela retomada do crescimento.
Miguel Torres
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes