Acidentes com máquinas respondem por 30% das mutilações
“Passamos dez anos até definir o texto e as mudanças na NR-12 (Norma Regulamentadora). O que buscamos, sempre, foi maior proteção ao ambiente de trabalho e a redução dos acidentes e mutilações. Não aceitamos retrocessos”. A afirmação é de Elenildo Queiroz Santos (Nildo), presidente do Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) à Agência Sindical.
A fala do sindicalista, que é metalúrgico, em Guarulhos, responde a crescentes ataques do patronato às normas de segurança. Nildo critica a manifestação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em O Globo, de domingo (31), por alterações na NR-12. “Querem voltar ao estágio anterior, quando não havia um padrão para máquinas e prensas. O que havia era muito acidente e mutilação”, denunciou.
Números – A matéria de O Globo, página 28, mostra que, apesar da maior segurança trazida pelo texto da NR-12 ampliada, 601 trabalhadores morreram em acidentes com maquinário – de 2011 a 2013. O Estado gastou, com benefícios e indenizações, cerca de R$ 56 bilhões. Ainda hoje, 30% dos acidentes são causados durante manuseio de máquinas e equipamentos de trabalho.
Sindicato – Para o presidente do Diesat, setores patronais e do governo querem afastar as entidades sindicais das fiscalizações. Ele diz: “O setor mais atrasado do patronato não quer Sindicato por perto na hora da fiscalização no ambiente de trabalho. É ruim que esse tipo de postura encontre apoio em governos”.
O sindicalista recorda que entidades patronais participaram da formalização do texto ampliado da NR-12. “Fiesp e CNI assinaram e eu digo que a mudança criou um padrão de segurança para todos. Deu, inclusive, mais parâmetros para a ação dos auditores fiscais. A pior regra é aquela que comporta todo tipo de interpretação e manipulação”, comenta Nildo.