Ano de estabilidade no emprego industrial

O nível de emprego da indústria paulista registrou um recuo de 0,13% em junho em relação a maio, com ajuste sazonal, de acordo com dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No cálculo sem ajuste sazonal, o emprego industrial registrou baixa de 0,03%, na mesma base de comparação, o que significou um saldo negativo de 500 postos de trabalho.

Na comparação com junho de 2010, o emprego industrial cresceu 2,63% em junho deste ano e, no acumulado de 2011 até o mês passado, o indicador registra expansão de 4,5%. Segundo a Fiesp, dos 22 setores nos quais divide a indústria para a realização da pesquisa, 11 contrataram, nove demitiram e dois mantiveram o nível de emprego estável. Entre os setores que criaram vagas em junho destacam-se o de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos – com 674 vagas –, e o de coque, petróleo e biocombustíveis, com a criação de 365 postos de trabalho. “No que diz respeito à criação de empregos, esse deve ser um ano de debilidade e fraqueza. Não deve haver grandes quedas nem grandes altas “, frisou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini.

No ano, o setor que criou mais vagas é o de alimentos, com alta de 21,3%, seguido pelo segmento de coque, petróleo e biocombustíveis, com 20%.

Perspectiva – A criação de vagas pela indústria paulista não deve ter grandes variações no segundo semestre, na avaliação de Francini. Segundo ele, isso já era esperado, pois os fatores que tem contribuído para a desaceleração do nível de atividade vão permanecer. Ele citou, o avanço da inflação e a necessidade de ações do Banco Central – tanto por meio de restrições ao crédito como pela elevação da taxa básica de juros (Selic) – como motivos para a leve queda na criação de vagas em junho. “Esse quadro atingiu a atividade de diversas maneiras. A inflação corrói a renda, assim, afeta a demanda. O aumento da Selic torna o crédito mais caro e contribui para essa estabilidade”, explicou.

Francini citou ainda a contínua valorização do real em relação ao dólar como outro motivo para a “aquietação” da atividade industrial. “Na medida em que o coeficiente de importação cresce, como vem ocorrendo devido à desvalorização do dólar, isso também tira um pouco da atividade local, fazendo com que haja uma desaceleração da produção e da criação de vagas”, analisou.

Além de fatores sazonais, Francini disse que a importação está entre os principais responsáveis pelo recuo do nível de emprego visto em alguns setores, como artefatos de couro, calçados e artigos para viagem, que cedeu 1,2% em junho ante maio e acumula queda de 6% no ano, produtos têxteis, com baixa de 0,8% no mês passado e de 0,7% em 2011, de acordo com dados divulgados há pouco pela Fiesp.

O diretor da Fiesp não acredita em uma reversão do quadro atual até o final do ano, que mostra desaceleração do ritmo de crescimento. Por isso, segundo ele, o nível de emprego da indústria paulista este ano deve apontar crescimento de cerca de 2,5%. Já a produção industrial do País, segundo a Fiesp, deve ter um avanço aproximado de 2,7%.

(Diário do Comércio)