Vivemos numa “democracia” onde os governantes decidem o que fazer, como fazer e a hora de fazer sem consultar a sociedade e sem informar com clareza os motivos dos seus objetivos. Somente quando a coisa estoura recebemos um monte de explicações, que não convencem, e começa a luta para barrar ou mudar o que está sendo determinado.
Poderia aqui citar dezenas de exemplos desse tipo de situação, mas vou ficar com as questões que mais estão mexendo com a vida dos trabalhadores e da população, neste momento, que são as reformas previdenciária, trabalhista e a terceirização, esta já aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Temer.
O governo está jogando nas costas do trabalhador as consequências da má administração dos recursos e a conta da crise econômica com projetos de reformas que tiram direitos, dificultam o acesso à aposentadoria, reduzem o valor dos benefícios, acabam com a representação sindical, que é uma das maiores defesas dos trabalhadores, impõem jornada de trabalho de até 12 horas, trabalho intermitente e sem “vínculo” de trabalho, e por aí vai. E quer nos convencer de que as reformas são necessárias, que é aqui que tem que cortar, que é dessa forma que vamos salvar a Previdência, modernizar a legislação e gerar empregos.
Parece que estamos naquele avião da United Airlines, cujo o passageiro foi arrancado do seu acento e arrastado para fora da aeronave com violência. O vôo estava com ´overbooking´, ou seja, a companhia vendeu passagens a mais e queria que quatro passageiros saíssem espontaneamente. Ele se recusou e teve o seu direito negado.
Será que havia overbooking também na primeira classe? Será que algum passageiro da primeira classe foi convidado a sair? Foram pra cima da classe “mais barata”. O passageiro agredido, assim como os demais, pagaram para chegar ao destino e com segurança. O mesmo acontece com os trabalhadores. Pagam ao longo da vida para, no futuro (destino), terem uma aposentadoria; lutam por trabalho e salário dignos, ambientes seguros e são constantemente “convidados” a abrir mão dos seus direitos, do seu emprego, salário, pensão, auxílios, registro em carteira etc.
Já vimos que só dizer que não aceita não resolve. Por isso, no dia 28 de abril, vamos parar e ir para as ruas mostrar para o governo que não aceitamos ter nossos direitos arrancados, porque estas reformas não vão salvar quem deveriam proteger, nem fazer justiça. Vão somente ampliar a exploração e marginalizar socialmente muitos cidadãos brasileiros que almejam chegar ao destino com dignidade.
Dia 28 de Abril, vamos parar por nossos direitos, trabalhistas, previdenciários, de cidadania!
Miguel Torres
Presidente do Sindicato, da CNTM e vice-presidente da Força Sindical