A Rua do Carmo, palco de assembleias e lutas memoráveis dos metalúrgicos de São Paulo, ficou lotada, nesta quinta-feira, de trabalhadores, cipeiros, empresários, dirigentes sindicais metalúrgicos e de outras categorias – alimentação, construção civil, aeroviários que prestigiaram e participaram da inauguração do Centro de Referência e Atenção à Saúde da Família Metalúrgica, do Sindicato.
Depois de 18 meses de reformas e obras, este complexo médico/odontológico está pronto para atender os associados e seus dependentes e colaborar para a promoção da saúde e da qualidade de vida da categoria metalúrgica. A partir de segunda-feira, dia 24, o Centro de Saúde, antigo Ambulatório Médico, será aberto oficialmente à categoria oferecendo os serviços necessários, desde consultas médicas e odontológicas até microcirurgias.
A inauguração contou com as presenças do Vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas; Eliseu Gabriel, Secretário Municipal de Trabalho e Empreendedorismo, e Júlio Meneghini, Secretário do Governo municipal, que foram recebidos por Miguel Torres, presidente do Sindicato, e visitaram os sete andares do prédio.
Na solenidade de abertura, Miguel Torres, presidente do Sindicato; Paulinho da Força e deputado federal; Arakém, secretário-geral; Elza Costa, diretora financeira; Medeiros, diretor e ex-presidente do Sindicato, relembraram a história de lutas do Sindicato e falaram do orgulho e da satisfação de concluir um trabalho duro como este em tempos tão difíceis econômica e socialmente para os trabalhadores e o País.
“O que estamos hoje entregando é a melhoria na assistência, é uma atenção à saúde e isso não é só falar, mas fazer e trabalhar para atacar as causas do adoecimento, fazendo campanhas de prevenção. O que tem aqui hoje vai ser referência para o Brasil”, disse Miguel Torres.
Bruno Covas disse que “a criação e o fortalecimento do Centro de Saúde também é uma parceria com o poder público. O prefeito (Dória) tem buscado fazer parcerias e esse tipo de serviço ajuda a prefeitura a prestar a atenção necessária que a população precisa”.
Continuando sua fala, Miguel Torres lembrou um grupo de sindicatos, entre eles os metalúrgicos de São Paulo, levou ao prefeito uma pauta com propostas para a geração de empregos e o pedido de restauração do passe do desempregado “para dar uma chance ao trabalhador de procurar emprego”, referindo-se aos milhões de desempregados da cidade e às milhares de famílias de trabalhadores que estão morando nas ruas. “Somos parceiros, Bruno, de qualquer hora. Precisamos fazer esta unidade em torno da cidade, podemos tentar uma parceria de atendimento no Centro de Saúde em horários vagos e precisamos que o prefeito nos abrace”, afirmou Miguel Torres.
Arakém disse que “hoje é um dia importante na vida do trabalhador, dos funcionários, da diretoria e assessoria” e lembrou das reformas anteriores, do Clube de Campo e do Centro de Lazer, feitas pela diretoria, visando oferecer sempre o melhor para a categoria.
Para Elza, o Centro de Saúde “ficou digno da família metalúrgica. Nesses dois anos de crise não medimos esforços para direcionar recursos para o bem-estar da família metalúrgica. A saúde do trabalhador é o mais importante. Aqui todos têm sua parcela de contribuição”.
Críticas às reformas
As reformas trabalhista e previdenciária do governo permearam os discursos.
Medeiros disse que assembleias grandiosas de metalúrgicos foram realizadas na Rua do Carmo e que “este lugar faz parte da história do Brasil e da nossa história. O Sindicato era ali e foi invadido várias vezes pela polícia. Temos que preservar nossa história e as reformas que o governo está fazendo são muito cruéis. Dia 28 vamos todos para as ruas”.
Paulinho da Força parabenizou Miguel Torres e a diretoria por inaugurar o Centro num momento em que querem acabar com os recursos dos sindicatos. “As reformas do governo destroem a estrutura sindical e precisamos equilibrar o jogo. A saída é parar dia 28 pra valer. Quem não for para a rua não tem o direito de reclamar. Estamos num momento crucial, ou vamos pra rua ou perdemos todos os direitos. As reformas são muito duras contra os trabalhadores. Parabéns, Miguel, pela coragem de inaugurar o centro num momento em que querem acabar com os recursos dos sindicatos.”
Miguel Torres disse também que a Rua do Carmo é uma rua históricas, que a antiga sede do Sindicato, do outro lado da rua começou a ser construída em 1942 e foi inaugurada em 1944 . Em 1963, a diretoria ficou cercada por quase um mês pela polícia porque estávamos numa greve para conquistar o 13º salário. Isso mostra que tudo o que temos hoje é fruto da luta, da organização e com uma canetada pode acabar com tudo. Tudo que está na reforma trabalhista tira direitos e a reforma previdenciária é igual. Vamos jogar peso no dia 28 de abril e vamos todos para as ruas dizer não às reformas”, afirmou.
Após o ato de inauguração, os dirigentes descerraram a placa de reinauguração e os participantes entraram para conhecer as novas dependências do Centro de Atendimento e Atenção à Saúde da Família Metalúrgica.
As equipes médicas, funcionários e técnicos recepcionaram os visitantes.