Peça de Teatro, “Patética” conta a história do jornalista Vladimir Herzog, morto pela ditadura em 1975

A Oficina Cultural Oswald de Andrade recebe, entre os dias 6 e 22 de Julho, o espetáculo Patética, da Companhia Estável de Teatro. A programação é gratuita, quintas-feiras e sextas-feiras às 20h e sábados às 18h.

Escrito em 1976, a peça reflete sobre as circunstâncias e o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog (1937-1975), morto nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna), em outubro de 1975. O texto foi escrito um ano depois do seu falecimento, por seu cunhado e, também dramaturgo, João Ribeiro Chaves Neto.

Com direção de Nei Gomes, a montagem usa o metateatro para mostrar uma trupe de artistas circenses que apresenta pela primeira e última vez a história da personagem Glauco Horowitz. A peça conta a vida de Herzog desde a imigração dos pais para o Brasil, passando pela militância, prisão, depoimentos no DOI-Codi, até a morte e a luta da família para provar que ele não cometeu suicídio, mas foi assassinado. Ao discutir a censura, a própria peça é proibida e o circo é fechado.

Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi, em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos. Segundo a versão oficial, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de jornalistas presos na mesma época, Vladimir foi assassinado sob torturas. A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964-1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo.

Além de se constituir numa denúncia da tortura no Brasil, a peça dialoga com questões estéticas da dramaturgia contemporânea. Teve uma trajetória conturbada durante a ditadura militar: o texto foi premiado, a premiação foi suspensa, foi confiscado, depois vetado, só liberado em 1979, e não pôde usufruir dos prêmios (do valor em dinheiro, da montagem do espetáculo nem da publicação do texto).

A Cia Estável inseriu parte da obra no espetáculo Flávio Império, Uma Celebração da Vida (montagem de 2002, com direção de Renata Zhaneta) por ter sido um espetáculo para o qual Flávio Império fez os cenários e figurinos da montagem dirigida por Celso Nunes, em 1980. Na época, marcou o retorno do cenógrafo após muitos anos afastado das criações teatrais.

Patética converge com a pesquisa estética e o posicionamento politico da Companhia Estável, desde as relações do modo de organização circense até os processos vivenciados pela modificação do espaço urbano ocasionados por interesses políticos. O primeiro projeto do grupo, Amigos Da Multidão, foi realizado no Teatro Flávio Império em Cangaíba, zona leste de São Paulo, onde a trupe desenvolveu uma programação diária com oficinas, espetáculos artísticos, saraus e apresentações de peças de seu repertório. Também nesse projeto nasceu o espetáculo O Auto Do Circo (2004), de Luis Alberto de Abreu e direção de Renata Zhaneta.

SOBRE A COMPANHIA ESTÁVEL DE TEATRO:
Com 16 anos de trajetória o grupo formado na escola de teatro da Fundação das Artes de São Caetano do Sul foi contemplado em 6 edições da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. O coletivo tem como premissa de sua pesquisa a criação em conjunto com a comunidade onde está inserida. O primeiro projeto do grupo foi o Amigos da Multidão, realizado no teatro distrital Flávio Império, em Cangaíba, zona leste de SP, onde, por intermédio do edital de Ocupação dos Teatros Distritais em 2001, desenvolveu uma programação diária com oficinas, espetáculos artísticos, saraus e apresentações de peças de seu próprio repertório.

Dentre elas, o espetáculo Incrível Viagem, de Doc Comparato e direção de Renata Zanetha, que também foi apresentado no projeto Formação de Público da Secretaria Municipal de Cultura. Foram montados também os espetáculos Flávio Império, Uma Celebração da Vida, de Reinaldo Maia e direção de Renata Zanetha, e Quem Casa, Quer Casa, de Martins Penna, com direção de Nei Gomes.

Com O Auto do Circo (2004) de Luis Alberto de Abreu e direção de Renata Zhaneta, participaram do Festival de Teatro de Curitiba e Janeiro da Comédia, em São José do Rio Preto. A partir de 2006, a Cia. Estável de Teatro passou a fazer residência artística no Arsenal da Esperança, casa de acolhida que abriga 1.200 homens em situação de rua localizada ao lado do Museu do Imigrante, no bairro do Brás. Dentro do espaço, uma lona de circo foi armada servindo de picadeiro e lugar de convivência dos acolhidos.

No espetáculo Homem Cavalo & Sociedade Anônina, de 2008, o grupo aprofunda a pesquisa nas relações entre o modo de produção capitalista e a exploração do trabalho. Em 2009, o espetáculo foi convidado a participar do Festival Flaskô Fábrica de Cultura, do encontro estadual do MST em Itapeva, na Escola Nacional Florestan Fernandes e participa 5 Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas.

Em 2011, o grupo comemorou 10 anos com uma mostra de seu repertório. Também lançou o livro Das Margens e Bordas – Relatos de Interlocução Teatral Cia Estável 10 Anos. Nele estão textos críticos produzidos por integrantes do grupo e colaboradores, o roteiro do espetáculo Homem Cavalo & Sociedade Anônina e extenso material iconográfico.

Em 2013 estreia A Exceção e a Regra, de Bertolt Brecht, com direção de Renata Zhaneta. A peça é apresentada dentro do Arsenal Da Esperança e circula por ruas e praças da cidade de São Paulo, participando da VII Mostra De Teatro De São Miguel Paulista, da I Mostra Pela Paz, da III Feira Teatro De Rua Em Sorocaba E Votorantim, do Festival De 10 Anos Da Flaskô e da Mostra De Teatro De Rua e De Floresta, no Acre, durante encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.

A companhia integra o Movimento de Teatro de Rua (MTR).

FICHA TÉCNICA:
Criação: Companhia Estável de Teatro
Texto: João Ribeiro Chaves Neto
Direção: Nei Gomes
Adaptação da Dramaturgia: Companhia Estável de Teatro
Atuação: Juliana Liegel, Miriele Alvarenga, Osvaldo Pinheiro, Paula Cortezia e Sérgio Zanck
Produção Executiva: Nei Gomes
Produção: Maria Carolina Dressler
Direção Musical: Reinaldo Sanches
Percussão: Zeca Volga e Maria Carolina Dressler
Letras/Músicas: Companhia Estável e Reinaldo Sanches Provocadorxs dos Processo:
Melodrama Circense – Estudo Teórico: Ermínia Silva
Melodrama Circense – Prática de Interpretação: Renata Zhaneta Treino do Sistema Stanislavski: Celso Frateschi
Estudos Teóricos sobre processos migratórios Terezinha Ferrari Estudos Teóricos sobre os processos históricos da Ditadura Militar: Amelinha Teles, Criméia Alice Schmidt de Almeida e Emilio Ivo
Convidados para debate Confrontando 1980 e 2016: Celso Nunes e Regina Braga
Prática de Palhaço: Daniela Biancardi
Preparação de Voz: Rani Guerra
Preparação Corporal: Ana Perche e Carlos Sugawara
Maquiagem: Ana Luiza Icó
Iluminação: Erike Busoni
Figurinos: Marcela Donato
Cenografia: Luis Rossi
Assistente de Figurinos: Marita Prado
Assistente de Produção da Temporada: Gabriela Costa
Iluminação: Erike Busoni
Vídeo Projeção: Luiz Cruz
Técnico de Palco/Zeladoria: Zeca Volga
Operação de Luz e Vídeo: Clara Caramez
Assistente: Evas Carretero​
Estagiária Iraci Santos:
Arte Gráfica, Fotos, Registro Audiovisual e Mídias Sociais: Jonatas Marques
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli
Poema Pangéia: Juliana Liegel
Orientação de Dança: Nuish Bella Luna
Orientação de Bambolê: Marina Leonel e Luana Albeniz da Cruz

AGRADECIMENTOS:
Arsenal da Esperança (Direção, funcionários e acolhidos), Buraco D`Oráculo, Chico Noventa, Circo Stankowich, Clarice Herzog, DANIELA GIAMPIETRO, Douglas Lino, EAC (Escola Artes Cênicas) Santos, Edgar Benneton, Eliety Teixeira, Engenho Teatral, Erika Coracine, Estudo de Cena, FUC (Frente Única de Cultura), Giuliano Galli, Grupo XIX de Teatro, Ivo Herzog, Kátia kall, Kiwi Cia de Teatro, Laerte, Las Desdeñosas, Leandro Hoenne, Luana Albeniz da Cruz, Maira Carcelen, Marcelo Ortega, Marcia Regina de Toledo Caltabellotta, Maria da Graca de Almeida Fattore, Natália Siufi, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Participantes das Oficinas da Companhia Estável, Patinsrye, Próxima Cia, Rede brasileira de teatro de rua (rbtr), Ruben Espinoza, Sérgio Mamberti, Teatro Ágora, Valdir de Jesus Rivaben, Vitor Ferreira, Yndira Gabriela Freitas, Grupos Parceiros e a todos que contribuíram direta ou indiretamente com este projeto.

SERVIÇO:
OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – São Paulo | SP
(Próximo ao metrô Tiradentes )
De 6 a 22 de Julho
Quintas-feiras e Sextas-feiras às 20h
Sábados às 18h.
Duração: 65 minutos | Classificação etária: 10 anos | Entrada: Gratuita | Capacidade: 80 Lugares | Estacionamento: Não | Acessibilidade: Sim

Em caso de chuva não haverá espetáculo

“Este projeto foi contemplado pela 28º Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo”

Entrada gratuita