Emprego na indústria tem pior resultado de oito anos


RIO DE JANEIRO – A crise econômica que abalou a produção industrial em 2009 derrubou também o emprego no setor. A ocupação caiu 5,3% no ano passado, o pior resultado da série histórica anual do IBGE, iniciada há oito anos. A folha de pagamentos real também fechou o ano em queda (-2,8%). Os resultados do último mês do ano foram negativos, mas a expectativa de especialistas é de que o quadro do mercado de trabalho industrial melhore já neste primeiro trimestre.

O economista da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo, observou que os setores que mais enxugaram vagas no ano passado são os mesmos que lideraram a queda da produção (-7,4%), como meios de transporte (-9,8%, incluindo a indústria automobilística) e máquinas e equipamentos (-8,6%). “Há queda recorde do número de empregos e horas pagas, com predomínio de setores e locais em declínio.”

Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza, o resultado do mercado de trabalho da indústria no ano passado sofreu “um forte revés”. Segundo ele, os dados negativos “atestam o forte impacto da crise internacional sobre a indústria brasileira”.

Ele ressalta, porém, que os resultados do emprego foram “muito distintos” nas duas metades do ano. No primeiro semestre, houve queda de 5,5% na ocupação ante o último semestre de 2008, enquanto no segundo semestre foi apurada uma variação de 0,1% ante os seis meses imediatamente anteriores. “Felizmente não ocorreu um novo ajuste no emprego no segundo semestre, e esperamos que esta seja a tendência em 2010”, disse. Sua expectativa é que o mercado de trabalho na indústria recupere este ano os postos perdidos em 2009.

Em dezembro houve recuo de 0,6% no número de vagas na indústria ante novembro, a primeira queda ante mês anterior apurada desde junho. Ante dezembro de 2008, houve redução de 2,7%. O número de horas pagas e a folha de pagamentos real, equivalente à massa salarial do setor, também apresentaram resultados negativos em todas as bases de comparação.

O que parece muito ruim, no entanto, não é avaliado como tal por especialistas. “Os dados de dezembro mostraram uma queda nada desprezível, mas este não é mesmo um bom mês para a ocupação no setor. Vamos esperar os resultados deste início de ano. As perspectivas são positivas”, afirmou o economista do Iedi.

André Macedo, do IBGE, explica que o emprego registrou “acomodação” no último mês do ano, similar à ocorrida na produção da indústria no último trimestre. Segundo ele, assim como ocorreu no nível de atividade, a queda na ocupação também não reverte uma tendência de crescimento no setor.

Agência Estado