Estrangeiros são elite remunerada de SP

Escrito por Agências
Diário do Comércio 

Enquanto os migrantes do Nordeste têm a menor renda mensal média da região metropolitana de São Paulo, os estrangeiros se encontram no topo da pirâmide. Os pernambucanos, por exemplo, ganham, em média, R$ 903,20 por mês, enquanto os moradores nascidos em outros países recebem R$ 4.058,62. Os dados foram apresentados ontem pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em Brasília, tirados do estudo Perfil dos Migrantes em São Paulo. 
 
São Paulo é a região metropolitana brasileira que mais atrai migrantes e imigrantes (depois do Distrito Federal), com 46% de sua população adulta originária de outros estados ou países. Na capital brasileira, essa proporção é de 75%, embora a comparação seja distorcida, pela pouco tempo de fundação de Brasília.
 
O estudo usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) de 2009 e englobou migrantes entre 30 e 60 anos de idade, uma etapa em que, segundo o pesquisador Herton Araújo, o trabalhador estaria mais estabilizado profissionalmente. 
 
A escolaridade pode ser um dado indicador da diferença na renda mensal entre nordestinos e estrangeiros: enquanto 46% dos chegados do exterior têm ensino superior, apenas 5% de quem sai dos estados do Nordeste para São Paulo concluíram a universidade e 50% não completaram o ensino fundamental.
 
Os migrantes do exterior costumam faturar o dobro do que os próprios paulistas – grupo que também apresenta uma alta escolaridade média. “Os estrangeiros são a elite de São Paulo”, apontou Araújo.
 
 
A pesquisa não considera migrantes oriundos do interior do estado para a região metropolitana, pois a PNAD não destaca individualmente os municípios. A divulgação do Censo 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), prevista para o início de 2012, permitirá a ampliação do estudo do Ipea. “Poderemos analisar como vivem os migrantes em todo o País”, comentou o técnico.
 
Segundo o Ipea, os migrantes do Nordeste, em geral, são os que apresentam menor escolaridade. Entre os baianos, 59% não concluíram o ensino fundamental. 
 
Os estrangeiros superam os paulistas em termos de escolaridade: 46% têm formação superior, ante apenas 24,3% dos nascidos no Estado de São Paulo. Outros grupos de migrantes ultrapassam a média dos paulistas natos com formação superior. Eles vêm do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Espírito Santo, Rio de Janeiro e dos estados do Centro-Oeste – grupos em que 27,1% têm nível superior. 
 
O estudo apresenta outras informações, como a proporção de pessoas de 30 a 60 anos que ainda estão na casa dos pais. Ela é maior entre os paulistas (14,8%), o que pode proporcionar a essas pessoas possibilidades melhores de formação profissional e inserção no mercado de trabalho, segundo o Ipea. 
 
Os estrangeiros também têm esse indicador relativamente alto (6,9%). Para os pesquisadores, isso pode denotar enraizamento progressivo dos estrangeiros, uma vez que grande proporção de pais permanece residindo na cidade. 
 
Já os migrantes de outras regiões apresentam índices menores.  Cearenses apresentam a mais baixa permanência na casa dos pais (1,1%).