Estas são as ações contra as mudanças nas leis trabalhistas definidas na reunião do Conselho Nacional da Força Sindical
Dirigentes da Força Sindical definiram nesta quinta-feira, dia 28, em São Paulo, um calendário de lutas contra as mudanças ocorridas nas leis trabalhista e da terceirização e na reforma da Previdência, que está em tramitação no Congresso Nacional.
“Vamos fazer pressão e negociação”, disse Paulinho ao analisar este momento vivido pelos trabalhadores e sindicalistas e divulgar o calendário de mobilização: amanhã – 29 de setembro – será realizada uma assembleia dos metalúrgicos e de outras categorias. No dia 3 de outubro acontecerá uma grande mobilização em frente à Petrobras/Eletrobras contra a privatização e, no dia 13 de outubro, será realizado o “Dia Nacional de Mobilização”.
Paulinho propôs fazer um dia nacional de paralisação antes da entrada em vigor da nova lei trabalhista, que será no dia 12 de novembro. Todo o debate foi feito durante a reunião do Conselho Nacional da entidade, realizada no Sinsaúde-SP (trabalhadores na saúde) com sindicalistas de diferentes categorias de todas as regiões do País. Eles expuseram suas opiniões e deram sugestões sobre o que deve ser feito para vencer este período de incertezas no movimento sindical.
Fortalecimento da central
“O que está em debate aqui não é o custeio sindical. O que está em foco é o fortalecimento da central”, afirmou João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical. Ele lembrou que “a Força foi fundada em 1991 e, durante dezesseis anos, viveu sem a verba do imposto sindical e crescemos naquela época muito mais do que hoje. O que estamos buscando é um debate para darmos continuidade ao trabalho da central”.
“Temos de mobilizar as bases, organizá-las para fortalecer nossas negociações”, destacou Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da CNTM (confederação da categoria).
Eis alguns trechos do discurso do Paulinho:
Comparações
Paulinho relembrou fatos ocorridos na Revolução de 64, que implantou a ditadura por vinte anos no Brasil e prejudicou os trabalhadores, mas não conseguiu acabar com os sindicatos. Em 1988, os trabalhadores tiveram uma série de conquistas trazidas pela Constituição, mas sempre fruto da ação dos sindicatos, que mobilizaram os trabalhadores.
“Hoje, para comparar um pouco, estamos passando por uma coisa parecida”, disse Paulinho. “Talvez com um pouco mais de dificuldades porque nós sabemos dos efeitos da reforma trabalhista, mas não sentimos na pele o tamanho da encrenca que é. E o trabalhador muito menos. Ele não tem nem ideia do que vem por aí.”
Paulinho relembrou que, há alguns anos, ele fazia negociação unificada das categorias e, em alguns casos, um sindicato ajudava o outro. Mas hoje, a unificação não será suficiente porque o negociado prevalece sobre o legislado, e se o sindicato não negociar a empresa montará uma comissão de fábrica que vai negociar com ela e vai valer.
Vigilantes
“Temos que estar vigilantes sobre os efeitos da reforma trabalhista, da terceirização, do PJ (Pessoa Jurídica), do autônomo. E se uma empresa transformar seu pessoal de escritório em autônomos? Os efeitos da reforma trabalhista serão perversos contra os trabalhadores. Essa onda conservadora que tem contra nós, as pessoas dizem que é o Temer. Não é o Temer. É a onda que tem contra nós. Se não fosse assim o Bolsonaro não estaria com 26%.”
Pressão e negociação
“Precisamos ter muita força de resistência. Tudo o que puder ser feito de mobilização tem de ser feito. Acho que estamos equilibrando o jogo. Não precisamos dar demonstração de força a toda hora. Eu me sinto no processo de negociação, e não com um chapéu na mão. Estou negociando com gente que não é nossa, que temos de ganhar a opinião. Estamos falando de um processo de negociação. As datas das mobilizações que fizemos: 15 de março, 28 de abril, 24 de maio.Temos de aproveitar o efeito do que fizemos até agora para negociar. Eu acredito na negociação. Passei a vida inteira fazendo greve e negociando. Acho que estamos num processo bom de negociação. Ontem, na reunião com os líderes no Congresso que votaram contra os trabalhadores e a favor da reforma trabalhista, eles todos concordaram que precisam arrumar uma contribuição para manter a estrutura sindical.”
Situação complicada
“Estamos em uma negociação complicada, o movimento sindical paralisado. Hoje, quatro mil sindicatos não negociam há três anos. Não tem convenção coletiva. Para quê foram criados? Só por causa do imposto sindical? Acho que o movimento sindical errou muito. Nós deveríamos ter enfrentado, desde o início, esse sindicalismo que foi criado nas nossas costas exatamente para pegar o imposto sindical. Agora estamos em uma hora boa, de retomada.
Mobilização é a palavra de ordem
Acho que o movimento sindical não será destruído. Vamos nos manter firmes na nossa organização. Acho que a palavra de ordem é mobilização. Acho que devemos fazer uma grande paralisação de novo e negociando. É nossa função negociar. Ninguém faz greve só pela greve.
Vamos fazer esse esforço todo e mudar nosso procedimento. Vamos colocar cotas em assembleias e os sindicatos vão ter de ir para as bases. Meu melhor exemplo é o Paulo Ferrari, presidente do Sindifícios-SP. Mais de doze mil trabalhadores já assinaram a convenção dele. O mesmo exemplo seguem os químicos e os metalúrgicos.
Acabar com a fábrica de sindicatos
“Vamos acabar com essa maldita fábrica de sindicatos e promover um outro sindicalismo da maneira que a gente conhece. Negociar e garantir os quóruns das assembleias.”