Indústria nacional vai importar aço


Trinta fabricantes de máquinas e implementos agrícolas vão trazer pelo menos 50 mil toneladas do produto ao País

Chiara Quintão

DIFERENÇAS – Aumento do preço do aço fabricado no País estimula fabricantes de máquinas e equipamentos a comprar o produto no exterior

AGÊNCIA ESTADO

O pool de fabricantes de máquinas e implementos agrícolas coordenado pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), vai importar pelo menos 50 mil toneladas de aço na sua primeira iniciativa de trazer o produto de outros mercados para o País.

Por enquanto, 30 associados da entidade já demonstraram a intenção de compra. O volume importado poderá crescer se houver mais adesões, segundo o presidente da CSMIA, Celso Casale. O pedido será feito este mês e a entrega deve ocorrer em 90 dias.

“Queremos importar aço, a menos que as siderúrgicas nacionais ofereçam o produto pelo mesmo preço”, disse Casale. Segundo ele, a trading que fará a importação para o pool de empresas coordenado pela CSMIA informou que o preço da bobina a quente importada de “um produtor chinês de boa qualidade” é 20% menor do que o do mercado interno, mesmo considerando a tarifa de importação.

O presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, ressalta que o aço importado está atualmente no máximo 5% mais barato que o nacional, o que desestimula importações, pois a diferença não compensa o risco cambial. Em agosto e setembro do ano passado, a diferença chegou a 20%, de acordo com Loureiro, o que incentivou a importação do produto.

VARIAÇÃO

Há controvérsias em relação a quanto o aço importado é mais barato que o nacional. Conforme o analista da Geração Futuro Rafael Weber, a diferença atual é de 21,9%, incluindo tarifa e frete, mas sem considerar o gasto adicional de importação.

Se considerados os custos com seguro, despesa portuária e capital de giro para trazer o aço para o País, a variação cai para 10,2%. Incluindo ainda gastos como impostos e fundo de reserva da Marinha Mercante, a diferença média passa a ser de 4,7%. Weber destacou que esse porcentual pode variar, por exemplo, conforme a tributação estadual.

Na avaliação de Loureiro, do Inda, os consumidores já estão deixando de importar aço, o que deve se refletir em queda do desembarque do produto a partir de abril e maio, considerando-se a defasagem do prazo do pedido e da entrega.

“O que está entrando agora foi pedido em agosto, setembro e outubro de 2009, quando o preço lá fora estava muito mais baixo”, disse o presidente do Inda.

Loureiro disse que não há tendência de queda do preço internacional do aço, à medida que são esperadas altas nos preços do minério de ferro e do carvão, e acrescentou que as margens brutas da distribuição de aço são, no momento, as mais baixas da história, ficando entre 8% e 10%. Essas margens já chegaram a 20%, segundo ele.