Greve de fome contra reforma da Previdência completa sete dias

Segundo entidade da Igreja Católica, jejum dos trabalhadores rurais serve de exemplo “para despertar a consciência da população”. Para o MST, luta contra a reforma da Previdência é a principal disputa do momento

São Paulo – A greve de fome dos trabalhadores rurais iniciada na última terça-feira (5) contra a proposta de reforma da Previdência do governo Temer entra no sétimo dia nesta segunda-feira (11), com reforços, dada a adesão de Rosangela Piovizani e Rosa Jobi, ambas do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Além das camponesas Leila Denise, Josi Costa, e do Frei Sérgio Görgen, que fazem parte do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), há dois dias aderiu também ao jejum o bombeiro civil e militante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) Fábio Tinga.

Também nesta segunda, os trabalhadores em greve de fome, que estavam abrigados até então na sede da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em Brasília, voltaram a ocupar o Salão Verde, da Câmara dos deputados.

Eles convocam militantes e apoiadores a somarem a causa dos quatro em jejum público em espaços públicos, por todo o país, como as assembleias legislativas estaduais e câmaras municipais. O movimento afirma que, apesar do discurso oficial do governo Temer de que os trabalhadores rurais não seriam afetados pelas novas regras das aposentadorias, eles serão efetivamente afetados por diversos dispositivos que aparecem em versões do projeto.

Segundo o MPA, além de idade mínima mínima e do tempo de contribuição, a obrigatoriedade de 180 contribuições mensais individuais (ou 15 anos) para alcançar os benefícios alcançaria também os trabalhadores rurais. Já a greve de fome, classificada como “medida extrema” pelo Frei Görgen, serve para antecipar os efeitos da reforma na mesa da maioria da população.

Apoios

“Neste ambiente de profundas conturbações que o país está vivendo, a partir da realização de modificações na legislação que colocam em risco os direitos do povo, em especial dos mais pobres e vulneráveis, voltamos a afirmar, esta reforma é, com certeza, uma atitude imprudente”, diz a Cáritas Brasileira, em nota intitulada Se calarem a voz dos profetas as pedras falarão…. 

Segundo a entidade da Igreja Católica, a iniciativa dos trabalhadores serve de exemplo “para despertar a consciência da população sobre o desprezo e o autoritarismo daqueles que estão, sem o mínimo de diálogo, passando por cima de direitos consagrados”.

“Até o final do ano, o centro da nossa disputa com o capital e os golpistas é a reforma da Previdência”, afirmou o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile. Em visita aos camponeses, Stédile afirmou que o que o governo Temer pretende, na verdade, é “privatizar a Previdência”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, classificou a greve de fome dos trabalhadores como um “esforço extraordinário, que não será em vão”, e prometeu greve geral caso o governo coloque o projeto da reforma da Previdência em votação. “Podem ter certeza que estamos fazendo todos os esforços para que essa reforma não passe. Se botar para votar, o Brasil vai parar, numa greve muito forte.”

Para a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTMRS-CUT), a iniciativa dos camponeses é “louvável” e “símbolo da resistência da classe trabalhadora”.

“Nós, freis franciscanos que atuamos no Rio Grande do Sul junto aos assentados e acampados, aos camponeses, nas periferias das cidades, junto à juventude, queremos externar nossa solidariedade e apoio a esta atitude profética de nosso confrade Frei Sérgio e das jovens militantes do MPA. E, juntos com todos os homens e mulheres de boa vontade, clamar aos nossos Governantes e Congressitas: ‘respeitem os direitos sagrados dos homens e mulheres que no campo e na cidade geram a riqueza e o alimento do nosso imenso Brasil”, dizem os religiosos da Ordem dos Frades Menores da Província São Francisco de Assim (RS), que também manifestaram apoio, dentre outros.

“Queremos agradecer o apoio vindo de todas as forças, de todas as pessoas e organizações que tem se solidarizado com essa greve e contamos com todos vocês para continuar arduamente essa luta contra a Reforma que pode gerar a fome para muitas famílias, também contamos com vocês para engrossar as fileiras e continuarmos na luta por nenhum direito a menos, especialmente agora contra a reforma da Previdência”, agradece Leila.