A Nestlé anunciou hoje que tomará novas medidas para combater o trabalho infantil em sua cadeia produtiva. Em nota em seu website, a maior fabricante de chocolates do mundo afirmou que fará uma parceria com a Fair Labor Association (FLA), uma associação internacional que promove ações pelo trabalho justo, para identificar problemas na Costa do Marfim. O país africano é o maior produtor de cacau do mundo.
A decisão foi tomada após a divulgação, em março, de um relatório da Tulane University, que apontou que 1,8 milhão de crianças na região trabalham em lavouras de cacau. O estudo foi patrocinado pelo governo americano.
Críticos, no entanto, questionam a razão pela qual a multinacional com sede na Suíça demorou tanto para agir, se já dispunha dessas informações desde o início do ano.
A FLA enviará uma equipe independente de especialistas para mapear a cadeia produtiva na Costa do Marfim, origem da maior parte do cacau comprado pela Nestlé. Essas investigações serão compiladas em um estudo a ser apresentado no segundo trimestre de 2012 e que ajudará a nortear as futuras operações da empresa.
De acordo com Jose Lopez, vice-presidente-executivo para Operações da Nestlé, a cadeia produtiva do cacau é longa e complexa, o que torna o rastreamento mais difícil. “O trabalho infantil não tem lugar em nossa cadeia produtiva. Mas não conseguimos resolver o problema sozinhos”, disse.
A Nestlé e outros grandes produtores de chocolates assinaram dez anos atrás um compromisso internacional para pôr fim ao trabalho infantil no setor de cacau. Mas o governo americano afirma que ele não é suficiente e pede para que a indústria faça mais para concretizar o acordo.
(Bettina Barros/Valor)
Fonte: extra Online e Valor Online