Sindicato participa de reunião da Alternativa Democrática Sindical das Américas


A ADS (Alternativa Democrática Sindical) representante de 26 organizações sindicais e presente em 15 países, realizou nesta quarta-feira (11), em São Paulo, sua primeira reunião, após um ano da realização do congresso de fundação da entidade, para debater temas de interesse da classe trabalhadora na América Latina e no Caribe. A reunião foi realizada no auditório do Hotel Leques Brasil, na Liberdade, e contou com a participação de mais de 120 dirigentes sindicais de vários países.

Diretores(as) e assessores(as) do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, liderados pelo presidente Miguel Torres, também tiveram expressiva participação no evento, que foi aberto pelo presidente da ADS, o colombiano Julio Roberto Gomes.

Miguel Torres saudou o companheiro Nilton de Souza da Silva, o Neco, secretário-geral da ADS, que lutou pela criação da entidade. A Alternativa foi fundada em abril do ano passado, num congresso em Bogotá, na Colômbia. Ele disse que a criação da ADS é uma alternativa de luta para os trabalhadores da América, sobretudo num momento de forte ataque neoliberal em cima dos trabalhadores. “O que está por trás de tudo não é só tirar direitos, é acabar com o movimento sindical que luta e defende os trabalhadores”, afirmou.

Miguel disse que o enfrentamento depende dos trabalhadores e destacou a criação do movimento Brasil Metalúrgico, importante para a luta nacional da categoria e criticou o ataque às conquistas históricas do movimento sindical. “Temos que unificar os trabalhadores e trabalhar o que nos une, porque, para os trabalhadores somente a luta faz a lei. Se não tiver luta não tem direito, não tem lei”, disse Miguel Torres, que também é presidente da CNTM e vice da Força Sindical.

Desigualdade

Julio Roberto Gomes destacou a importância do evento para colocar em discussão os graves problemas sofridos pela classe trabalhadora em diversos países, criticou a desigualdade social no Brasil e em países subdesenvolvidos, a detenção de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da sociedade mundial e o imperialismo dos EUA, que ignoram a pobreza no mundo. Ele pediu: “solidariedade, pluralidade, comprometimento e cidadania”.

Para Julio, o sistema político brasileiro é o maior causador das diferenças sociais no País. “Hoje, os trabalhadores sofrem ataques e os movimentos sindicais também. É dever dos brasileiros votarem com mais consciência nas próximas eleições, em projetos que beneficiam a população e a classe trabalhadora e não em falas bonitas”.

João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores após a aprovação da lei da reforma trabalhista, e disse que a falta representatividade política no país é um problema para a classe trabalhadora . “É nosso dever olhar com mais atenção para a política nacional, pois o País está sendo totalmente destruído pelo atual governo”.

Nilton Neco, secretário-geral da ADS, destacou a importância da união nas causas trabalhistas para enfrentar os problemas que países das Américas Latina, Central e África vêm passando com a desigualdade social e a pobreza. “Os movimentos sindicais estão presentes e vamos lutar pelos trabalhadores, pela nossa democracia que está correndo sério risco e também pela união entre as nações, pois somente unidos sairemos vencedores nesse tempo de incertezas”.

Maria Auxiliadora, Secretária da Mulher da Força Sindical, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na luta contra a opressão, a violência, a misoginia, o racismo e o sexismo e falou. “As mulheres continuam em situação de desigualdade no trabalho e na sociedade e a reforma trabalhista tem colocado a mulher trabalhadora em risco eminente de saúde, pois trabalhar em locais insalubres é aceito de acordo com a nova nova lei”.

Edson Bicalho, representante da IndustriALL, falou sobre os sindicatos norte-americanos trabalham em favor do governo do país boicotando sindicatos de países subdesenvolvidos. “Precisamos que a ADS entre em contato com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e denuncie as multinacionais que vêm ao nosso País e degradam o meio ambiente e corroboram com a lei trabalhista que acaba com os direitos dos trabalhadores”.

Sergio Luiz Leite, presidente da Federação dos Químicos do ESP, enfatizou que a ADS precisa lutar na defesa dos trabalhadores e da democracia, pediu união entre as categorias e disse que “somente com união e respeito poderemos reverter cenários que vão contra o trabalhador, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo”.

Vladimir Derbin, presidente da Federação de Trabalhadores de São Petersburgo e Leningrado, lembrou a Revolução Soviética na Rússia, em 1917, a repressão contra os movimentos sindicais em 1937 e a resistência do movimento sindical russo para manter-se, mesmo perante as crises, com autonomia e apoio dos trabalhadores sócios.

Representatividade – A ADS é uma central sindical que reúne 26 confederações e centrais sindicais e representa 25 milhões de trabalhadores latino-americanos e caribenhos. Na abertura da reunião, hoje, o presidente Júlio Gomes reafirmou os princípios que nortearam a constituição da central, entre os quais a unidade, a solidariedade e a independência.

“Não podemos nos comprometer com governos, partidos políticos, religiões e empresários. Devemos lutar na defesa dos interesses dos trabalhadores”, disse.

ANGOLA PEDE SOLIDARIEDADE


A reunião contou com a participação de José Joaquim Laurindo, secretário-geral da U.N.T.A (União Nacional dos Trabalhadores Angolanos), que pediu a ajuda da ADS na luta dos trabalhadores angolanos e disse que em Angola vive-se uma situação muito difícil, tanto social quanto trabalhista. “Assim como em todo o continente africano trabalhamos em situações totalmente inadequadas. Por isso, venho pedir a solidariedade dos movimentos sindicais do Brasil e da ADS na luta pelos nossos trabalhadores. Agradeço o convite para participar desta reunião, desse momento histórico, e peço a ajuda da de todos, denunciando e ajudando na medida do possível. Desejamos que essa organização se torne referencia mundial”, disse José.