Mercado de trabalho para mulher melhora em 8 anos

O mercado de trabalho ampliou as oportunidades de emprego para as mulheres na Grande São Paulo entre 2003 e 2011. A taxa de desemprego entre as profissionais passou de 17,3% para 7,4%, uma queda de 9,9 pontos porcentuais no período, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para as trabalhadoras a taxa de desocupação recuou mais do que para os homens. Para eles, em 2003, a taxa era de 11,5% na Região Metropolitana de São Paulo, e foi para 5,2% em 2011, um recuo de 6,4 pontos porcentuais.

No entanto, o desemprego delas continua sendo bem mais na comparação com os homens. “Elas estão na tentativa de entrar no mercado de trabalho, mas na maior parte não são as responsáveis pelo sustento da família, por isso ficam mais tempo entre os desocupados. Se houvesse a necessidade, elas partiriam para um emprego, mesmo que esse fosse informal”, explica Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE.

Para a professora de relações do trabalho da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Denise Delboni, as diferenças entre as taxas de desemprego entre homens e mulheres vão além da necessidade. “Existe um fator que pesa contra a mulher quando o assunto é emprego, que é a maternidade. No caso de empregos em que a qualificação não é necessária, a opção será escolher o homem para trabalhar e não correr o risco da ausência delas por causa do nascimento de filhos. Isso ainda acontece”, explica Denise.

A engenheira civil Sibylle Muller, de 51 anos, já passou por situações em que se sentiu pressionada por ser mulher e mãe. “Quando eu me formei na faculdade, optei por ingressar no mestrado. Fazia meio período porque tinha um filho de três anos e outro mais novo, de um. Mas mesmo produzindo tanto quanto os demais estudantes, um professor me disse que eu deveria escolher entre ser mãe ou engenheira”, conta ela, que depois dessa experiência preferiu trabalhar com pesquisa, como forma de ter horários mais flexíveis para a criação dos filhos.

Hoje, Sibylle tem sua própria empresa, a Acquabrasilis, que atua na área de reúso e tratamento de água. Mas ela ainda sente que há resistência à mulher. “Em certas situações, sinto que algumas pessoas dão mais credibilidade quando um engenheiro homem fala do que quando eu falo. Mas não me incomodo com isso e faço meu trabalho.”

O sócio-gerente da consultoria em recursos humanos Asap, Paulo Bivar, explica que em níveis gerenciais, a diferença entre homens e mulheres foi superada. “O mercado vive um apagão de mão de obra em que o empregador não pode escolher. O que conta é competência ”, comenta.

Ganhos
Mesmo com a abertura do mercado de trabalho para as mulheres, elas continuam a ganhar menos do que os homens. Entre os anos de 2003 e 2011, o rendimento médio delas na Grande São Paulo cresceu 16,8%, enquanto para eles essa alta foi de 13,7%.

No entanto, a redução da diferença salarial entre homens e mulheres só diminuiu 1,9 pontos porcentuais e, em 2011, uma mulher ganhava72,9% do que um homem. Para Azeredo, o salário menor tem relação com a inserção das trabalhadoras no mercado, onde elas encontram funções em que ganham menos.

Fonte: Portal Mundo Sindical