Valor Econômico
Por John W. Miller e Francesca Freeman | The Wall Street Journal
A ArcelorMittal informou que prevê que as vendas de aço permanecerão estagnadas no primeiro semestre, mas que sua produção mineral vai aumentar 10%, à medida que se expande em matérias-primas. A maior siderúrgica do mundo divulgou um prejuízo líquido de US$ 1 bilhão no quarto trimestre, relacionado em grande parte a impostos, ao fechamento de dois altos-fornos na Europa e à paralisação de vários outros, depois que clientes começaram a reduzir suas encomendas em meio a preocupações com a crise de dívida europeia.
Apesar de a incerteza na Europa continuar, a Arcelor informou que percebeu uma melhora nos ânimos no quarto trimestre e contínuo fortalecimento nos Estados Unidos, onde o lucro no ano todo aumentou de US$ 691 milhões em 2010 para US$ 1,2 bilhão em 2011.
Pela primeira vez, a companhia divulgou resultados ano a ano para as suas operações de mineração. As vendas de minerais, na maior parte minério de ferro e carvão, cresceram 43% no ano, para US$ 6,3 bilhões, enquanto o lucro aumentou de US$ 1,6 bilhão para US$ 2,6 bilhões.
“Nós somos agora uma companhia de aço e minérios”, disse o diretor-presidente Lakshmi Mittal ao “The Wall Street Journal”. A Arcelor vem aumentando a sua produção dos dois principais ingredientes do aço – carvão e minério de ferro – para driblar fornecedores que têm tido espaço para cobrar preços altos desde o começo do boom das commodities liderado pela China, dez anos atrás.
“A companhia continua a se beneficiar da sua diversificada presença geográfica e do crescente negócio de mineração, que atingiu as suas metas de aumentar a produção de minério de ferro e carvão em 10% e 20%, respectivamente, no ano passado”, disse Mittal em um comunicado.
A mineração corresponde a menos de 10% dos negócios da Arcelor, mas proporciona uma oportunidade de crescimento significativa, mesmo com o mercado tornando-se mais competitivo. Ontem mesmo, a mineradora anglo-suíça Xstrata anunciou que planeja se fundir com a companhia de commodities Glencore , criando uma empresa de US$ 90 bilhões que pode mudar a face da indústria de recursos naturais.
Como parte de seu projeto de expansão, a Arcelor abriu uma nova mina de ferro na Libéria no último trimestre e vai completar dois projetos no Canadá este ano.
Muitos analistas advertiram que a ArcelorMittal tornou-se vulnerável a oscilações nos preços do minério de ferro por causa da redução na demanda da China. O preço do minério caiu de US$ 170 a tonelada seis meses atrás para US$ 140 mais recentemente. “Nós acreditamos que o preço não cairá para menos de US$ 130 e que ficará entre US$ 142 e US$ 150 este ano”, disse Mittal. A China vai se recuperar “e continuar a importar grandes volumes”, disse ele. O executivo estimou que o produto interno da China vai crescer 8% este ano.
A Arcelor prevê que as vendas de aço aumentarão 4,6% em toda a indústria este ano. O diretor financeiro Aditya Mittal disse que as vendas na Europa devem cair 1,3%, enquanto as dos EUA devem subir 5,5%. Uma incerteza na indústria do aço dos EUA será as negociações dos contratos de trabalho que vencerão em agosto.
A Arcelor teve perda de US$ 1 bilhão no quarto trimestre, comparado com um prejuízo de US$ 780 milhões um ano antes. O número mais recente incluiu custos resultantes da redução em impostos sobre ativos deferidos e custos relativos ao fechamento de dois altos-fornos em Liège, na Bélgica. A receita cresceu 8,5%, para US$ 22,45 bilhões. O lucro no ano caiu de US$ 2,92 bilhões, para US$ 2,26 bilhões. Analistas dizem que é encorajador que a empresa tenha reduzido sua dívida líquida para US$ 22,5 bilhões seis meses antes do agendado.
Lakshmi Mittal disse que ficou animado com a sua viagem recente ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça. “Havia muita apreensão antes do Natal, mas eu estava em Davos conversando com políticos e empresários, e eles estão fazendo todo o esforço para se manterem unidos”, afirmou. A União Europeia e o euro vem se debatendo com uma crise de dívida que começou na Grécia e se espalhou para meia dúzia de países.