A aposentadoria no Brasil não é, necessariamente, uma fase da vida longe
do mercado de trabalho
Segundo uma pesquisa do site Vagas.com, 47% dos aposentados ainda exercem alguma atividade profissional, mesmo que informalmente, e 95% deles demonstraram interesse em retornar ao mercado de trabalho.“Não é fácil se adaptar à aposentadoria, principalmente depois de 35 anos de rotina. O dia a dia do trabalho faz falta”, admite Antero Ferreira Lima, diretor da Fapesp (Federação dos Aposentados e Pensionistas de São Paulo).
Atento a este contingente de mão de obra experiente, o governo do estado de São Paulo prepara um programa de orientação e preparação destinado a trabalhadores que estão perto de se aposentar. “A ideia é juntar forças com os sindicatos e as empresas para preparar o trabalhador, com dois anos de antecedência da aposentadoria, para retornar ao mercado de trabalho”, revelou ao DIÁRIO Carlos Ortiz, secretário estadual do Trabalho.
De acordo com Ortiz, sem um apoio o trabalhador não consegue uma colocação digna e acaba em um subemprego.“A capacitação vai permitir aos trabalhadores uma chance de disputar vagas com bons salários ou realizar o sonho de abrir o próprio negócio”, explicou o secretário.
Uma das opções de capacitação seriam cursos de empreendedorismo oferecidos pelo Sebrae.“A participação dos empresários é importante porque será necessário abrir mão de algumas horas de trabalho para que o operário faça os cursos.”
Ascensorista não pensa em largar o trabalho tão cedo
O ascensorista Cícero Gomes da Silva, de 63 anos, nasceu em Garanhuns (PE) e chegou a São Paulo em 1968. Três anos depois conseguiu um emprego com carteira assinada. Trinta e cinco anos mais tarde, em 2006, pediu a aposentadoria, mas continuou no trabalho. “Gosto muito daqui. Gosto da rotina e dos amigos que fiz. Quando estou de férias tiro alguns dias para fazer serviços em casa. Quer dizer, nunca fico parado. O meu negócio é trabalhar”, fala, sorridente.
Antes de assumir o cargo de ascensorista, Silva arranjou emprego como vendedor e também foi motorista. “Acho importante que o governo ajude o aposentado que quer trabalhar. É a única saída que a gente encontra para melhorar um pouco a renda, porque o valor do benefício não é alto”, lamenta. Silva trabalha no Centro e mora no Jardim Rosana, na Zona Sul. “Ficar parado é ruim. Com o trabalho eu saio de casa e vejo a cidade. Enquanto Deus me der força, seguirei trabalhando.”
Troca vale a pena para quem tem mais tempo
O Senado aprovou na semana passada um projeto que permite ao segurado que continua trabalhando poder pedir um novo cálculo do benefício. Antes de solicitar a desaposentação, no entanto, é preciso calcular se vale a pena somar o período extra de contribuição ao tempo trabalhado antes de entrar no INSS. Segundo os especialistas, o segurado precisa ter, no mínimo, três anos de contribuição e um salário maior do que a média das contribuições anteriores. Neste caso, o aposentado precisa consultar um advogado para fazer as contas. A partir dos cinco anos, a troca é vantajosa para todos os segurados. A desaposentação precisa ainda passar na Câmara.
70 mil
é o total de ações de desaposentação