Por Miguel Torres
Início este com estas lembranças, porque, não esquecer é resistir. E resistir é a marca do movimento sindical no Brasil e no mundo.
Resistimos à retirada de direitos, com as contrarreformas trabalhista e previdenciária. E resistimos às mazelas catastróficas da pandemia de covid-19, que o ex-presidente ajudou a espalhar e que consumiu o povo brasileiro, em particular, os mais pobres e desassistidos.
Foram mais de 700 mil, oficialmente. O Brasil foi o segundo País onde mais óbitos ocorreram. O primeiro foi os EUA, que em maio de 2022, superou 1 milhão.
Apesar de o País representar entre 2% e 3% da população mundial, aqui morreram 11%, globalmente, dos infectados pelo vírus.
Não podemos esquecer essa tragédia, negligenciada pelo ex-presidente.
Neste mês, nesta sexta-feira, 8 de março de 2024, vamos comemorar o dia e mês da mulher, mais do que por meras razões simbólicas e históricas. Mas porque, de fato, temos o que comemorar.
Primeiro, porque derrotamos o governo trágico e de triste memória. Nunca mais devemos esquecer isto para nunca mais repetir a trágica decisão de parcela da população brasileira na eleição de 2018.
Segundo, ter elegido, pela 3ª vez, Lula. O que representou vitória dobrada. Ganhamos nas 2 pontas dessa difícil jornada, que teve início com o impedimento, em 2016, da ex-presidente Dilma Rousseff.
Por que temos o que comemorar
Depois da vitória de Lula, logo no 1º ano deste 3º mandato, reestabelecemos a política de valorização e recuperação do salário mínimo, com ganho real, e consistência para reconquistar o poder de compra do piso nacional.
Temos o que comemorar, porque foi aprovado no Congresso, o projeto de lei enviado por Lula, e transformado na Lei 14.611, de 4 de julho de 2023, conhecida como Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres, para a diminuição das desigualdades existentes nas remunerações no ambiente corporativo.
Campanha nacional contra misoginia
E, ainda, neste 8 de Março, comemoramos o lançamento, pelo Ministério das Mulheres, da campanha Brasil sem Misoginia, cujo objetivo é mobilizar os mais diversos setores da sociedade para o combate ao ódio e à discriminação e violência contra a mulher.
Na cerimônia de lançamento, em 25 de outubro de 2023, foram assinados mais de 100 acordos de adesão à campanha, envolvendo empresas, governos estaduais, movimentos sociais, sindicatos, times de futebol, torcidas organizadas e entidades culturais, educacionais e religiosas.
Na ocasião, a ministra Cida Gonçalves destacou que 1 das missões é combater o feminicídio, sendo a misoginia parte propulsora de todas as formas de violência contra a mulher. Somente em 2022, 1.400 brasileiras foram mortas simplesmente por serem mulheres, conforme o Anuário da Segurança Pública.
Violência on-line
A campanha desenvolve ações com Google, Facebook, Meta e Youtube para combater o discurso de ódio e a exposição, por meio da divulgação de fotos íntimas e falsas, de mulheres nas redes sociais.
Dados da ONG (organização não governamental) Safernet apontam aumento de 251% das denúncias de discurso de ódio contra as mulheres na internet em 2022, contra alta de 61% em denúncias de discurso de ódio de outras naturezas. “Vamos cobrar para que os ataques nas redes sociais sejam criminalizados e essas contas, excluídas”, afirmou a primeira-dama Janja Lula da Silva, no lançamento da campanha.
Outras estratégias têm como foco o combate à violência de gênero, à desigualdade salarial entre homens e mulheres, a prevenção da violência doméstica e a ampliação da presença feminina nos espaços de poder.
Para a representante da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Quirino, as ações devem buscar as mudanças nas normas sociais, que hoje permitem a perpetuação da violência contra a mulher nos espaços públicos e privados.
Temos ou não temos o que comemorar?
A Luta faz a Lei!
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes