Água Clara (MS): Operários da usina de São Domingos se rebelam por salário

Fonte: O Estado de S.Paulo

O Estado de S.Paulo

Atraso no pagamento leva trabalhadores
a fazerem ´quebra-quebra´ e incendiar
canteiro de obras da Eletrosul

Depois de denunciar maus-tratos e o não cumprimento de contrato de trabalho, os operários na construção da Usina Hidrelétrica São Domingos, no Mato Grosso do Sul, ficaram revoltados. Os trabalhadores promoveram  um “quebra-quebra” e provocaram incêndios que destruíram, entre outros locais, o canteiro de obras da Eletrosul, responsável pelo empreendimento, que está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento, no dia 24.

Segundo nota distribuída pela Eletrosul, as chamas consumiram “seis pavilhões usados para alojamento de quase 1 mil operários. Também atearam fogo no centro ecumênico, refeitório, guarita e no centro de inclusão digital”. Soldados do Corpo de Bombeiros afirmaram que as perdas das instalações são totais.

Ontem, o local amanheceu com policiamento ostensivo e as obras paralisadas. O documento esclarece que na noite de quinta-feira, uma das primeiras medidas foi providenciar alimentação para os trabalhadores. Cerca de 80 homens foram retirados num ônibus da empresa e levados para um lugar não revelado, depois de serem considerados presos pela Polícia Militar.

O canteiro de obras está instalado a 60 quilômetros do centro da cidade de Água Clara na divisa com o município de Ribas de Rio Pardo, região leste do Estado. Os empregos diretos somam 1 mil e com os indiretos chegam a 3 mil. Na hidrelétrica, será instalada potência de 48 MW, o que representa uma capacidade de atendimento a 550 mil habitantes.

A construção da hidrelétrica foi iniciada em 2009 e deverá ficar pronta em 2012, com investimentos de R$ 386 milhões. Desse total, a estatal emprestou do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 207 milhões, o equivalente a 54% do valor inicial. As obras estão divididas em um consórcio, onde estão abrigadas as empresas Engevix e Galvão, consideradas pela Eletrosul como as contratantes dos operários.

Ambas, que não quiseram se manifestar, são denunciadas nos depoimentos dos operários. As reclamações começaram no início do mês.