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Ata sinaliza novo corte da Selic

Fonte: Valor Econômico

A inflação abaixo do esperado e o risco de não cumprir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a cortar a Selic na semana passada, para 6,5% ao ano, e a indicar nova redução para a reunião dos dias 15 e 16 de maio.

Eduardo Campos e Alex Ribeiro

A ata dessa reunião, divulgada ontem, explicita as discussões ocorridas no colegiado presidido por Ilan Goldfajn, que mudou de postura em comparação com o sinalizado em fevereiro e decidiu “pela necessidade de tornar a política monetária um pouco mais estimulativa”.

Essa conclusão decorreu de dois fatores. “Primeiro, o Copom julgou que a dinâmica das diversas medidas de inflação subjacente sinalizava maior risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”, afirma a ata. “Nesse contexto, um estímulo monetário adicional mitigaria esse risco.”

A meta para 2018 é de 4,5%, recuando a 4,25% em 2019. A projeção do BC é de inflação em 3,8% neste ano e o mercado trabalha com preços ao redor de 3,6%.

Em fevereiro, o BC havia deixado uma porta aberta para cortar os juros em março. E também antecipou que pretendia parar de cortar a Selic em maio.

Parte desse ajuste adicional necessário, diz a ata, foi implementado com o corte de 6,75% para 6,5% ao ano. Entretanto, levando em conta que as expectativas de inflação do mercado e projeções feitas pelo BC apresentaram recuo no horizonte relevante para as decisões de política monetária, principalmente para o ano de 2018, o Copom decidiu que sinalizar uma flexibilização monetária moderada adicional “se mostra adequada sob a ótica atual”.

A ata ressalta porém, que essa indicação de corte para a sua próxima reunião poderá se alterar e levar à interrupção do processo de flexibilização monetária, “no caso dessa mitigação de riscos se mostrar desnecessária”.

No debate sobre os passos seguintes à reunião de maio, o Copom informa que o cenário relevante se concentra em 2019.

Levando em conta o balanço de riscos, as defasagens e incertezas associadas ao processo de transmissão da política monetária, o Comitê concluiu que, no encontro de 19 e 20 de junho, deverá se mostrar apropriado interromper o ciclo de cortes iniciado em outubro de 2016.

“Dados os riscos que a economia enfrenta e a incerteza quanto às defasagens na transmissão da política monetária, o comitê julga que pode precisar de algum tempo para avaliar a evolução da economia e sua reação aos estímulos monetários já implementados”, diz.

Os membros do Comitê, porém, discordaram sobre como comunicar essa avaliação. Alguns queriam uma indicação mais enfática do fim do ciclo, enquanto que outros defendiam deixar uma porta aberta para cortar mais. Por fim, o Copom optou por dizer que, “salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação, o comitê vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária, visando avaliar os próximos passos”.

Dessa forma não fica completamente descartada a possibilidade de novas reduções para além da reunião de maio. Mas isso depende de mudanças relevantes sobre projeções, expectativas e demais fatores considerados tento em vista o cumprimento da meta em 2019.

Nos debates sobre o comportamento dos preços, todos concordaram que a inflação evoluiu de forma mais benigna que o esperado neste início de ano. De fato, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu para baixo, variando 2,84% em 12 meses até fevereiro, contra projeção de 3,09% do Relatório de Inflação (RI) de dezembro.

Segundo o Copom, a permanência de medidas de inflação subjacente em patamares baixos, ou seja, ao redor do piso da meta de 3%, constitui risco baixista para a trajetória futura da inflação. De outro lado, permanece a expectativa de que a recuperação da atividade contribua para a elevação da inflação rumo às metas. O BC também pondera o risco de eventual revés externo em contexto de frustração com as reformas em âmbito doméstico.

Na avaliação do Copom, sua atuação tem de balancear essas duas dimensões, assegurando o cumprimento das metas em velocidade adequada e garantindo que a inflação baixa perdure, mesmo diante de choques adversos.