SÃO PAULO – O mês de setembro é marcado pela negociação salarial de grandes categorias. Duas delas, bancários e metalúrgicos de São Paulo, representados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), indicam dificuldades na obtenção das reivindicações dos trabalhadores, principalmente a respeito do índice de reajuste salarial.
A data-base dos bancários é 1º de setembro. O Comando Nacional dos Bancários, representante dos trabalhadores, pede reajuste salarial de 10,25%, sendo 5% de aumento real. A negociação é feita com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que representa as instituições financeiras.
A proposta inicial do setor patronal veio bem abaixo: 6% de reajuste, sendo 0,7% de aumento real. No ano passado a categoria conseguiu índice de 1,5% de ganho real após 21 dias de greve.
“A proposta dos bancos contém avanços nos temas de saúde e condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades, mas é insuficiente em relação ao índice de reajuste, ao piso e à PLR, e nada propõe sobre emprego”, diz Carlos Cordeiro, coordenador dos bancários. Está na pauta da categoria o fim da alta rotatividade nos bancos, que, segundo os trabalhadores, indica que muitas demissões ocorrem sem justificativa para que um trabalhador que receba salário menor substitua o demitido.
Representantes dos trabalhadores e do setor patronal se reunirão novamente nesta terça-feira para mais uma rodada de negociação. Cerca de 500 mil bancários em todo o país seguem a convenção da categoria.
Já a Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT) em São Paulo, que representa 250 mil trabalhadores, tem a difícil tarefa de conquistar para a categoria 2,39% de aumento real, a exemplo do que foi garantido pelos metalúrgicos do ABC em 2011, quando fecharam acordo por dois anos. O que é negociado pelos metalúrgicos do ABC, maior sindicato da FEM-CUT/SP com cerca de 105 mil trabalhadores, costuma servir de base na negociação dos demais grupos.
Os representantes dos trabalhadores já reprovaram uma proposta de reajuste de 4,5% para o Grupo 2, que contempla trabalhadores dos setores de máquinas e eletrônicos. Esse índice está abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado em 12 meses encerrados em julho, de 5,36%. “Na nossa pauta fomos claros: queremos o INPC integral da nossa data-base e mais aumento real. Este valor é inaceitável”, afirma Valmir Marques, presidente da FEM/CUT.
Na negociação dos grupos 8 (refrigeração, equipamentos rodoviários e outros), 10 (lâmpadas e outros) e Estamparia a proposta patronal ainda não foi aceita pelos trabalhadores. Nesses casos, o setor patronal ofereceu 5% de reajuste nominal, índice que também está abaixo da inflação acumulada na data-base da categoria.
Os metalúrgicos também pedem a ampliação da licença maternidade para 180 dias, o que já é praticado entre os metalúrgicos das montadoras do ABC.