BRASÍLIA – O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que apresentou nesta terça-feira mais de 20 propostas ao secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, para permitir uma redução dos spreads bancários – diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa que eles cobram dos seus clientes – das instituições privadas.
“Agora, a bola está com o Ministério da Fazenda”, disse Portugal, após a reunião. Segundo ele, os bancos já “ouviram o apelo do governo” em reduzir as taxas. As sugestões serão avaliadas pelo secretário do ministério, que marcará outra reunião, informou Portugal.
A Febraban pediu a redução dos compulsórios e da tributação sobre o sistema bancário. Entre as propostas apresentadas também estão a regulamentação do cadastro positivo, a possibilidade de utilizar parte das reservas dos planos de previdência como garantia dos empréstimos e a alternativa de pagamentos parcelados dos tributos que incidem no momento da renovação de um crédito para pagamento de um outro empréstimo.
Segundo Portugal, atualmente pessoas físicas têm dificuldade de renegociar dívidas com outro empréstimo devido à elevada incidência de tributos. Pelas regras atuais, empréstimos de até R$ 30 mil para pessoa física e dívida agrícola podem diluir os tributos no decorrer do contrato. A ideia é ampliar esse benefício para todo tipo de empréstimo.
O presidente da Febraban afirmou que os bancos têm interesse em reduzir os spreads, processo que está em andamento no país há 15 anos, afirmou Portugal. “Há um engano de quem acha que o spread representa lucro. Na verdade, uma pequena parte do spread, cerca de 30%, representa a margem de lucro dos bancos”, disse, completando que os bancos ocupam a décima segunda posição entre os setores mais rentáveis da economia brasileira.
Os esforços do governo para que o sistema bancário reduza os juros cobrados dos clientes como forma de estimular a economia começou pelos bancos estatais. Ontem, a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou corte dos juros de várias linhas de financiamento, depois de o Banco do Brasil ter feito o mesmo na semana passada.
(Murilo Rodrigues Alves e Edna Simão)