Bosch defende flexibilização trabalhista

O Estado de S. Paulo

“Não queremos fazer demissões, mas há um limite”,diz Fernando Tourinho, diretor de Recursos Humanos para América Latina da Bosch,uma das maiores fabricantes de autopeças da região.

O grupo reduziu a produção em 10% a 20%, mas tem administrado o corte com férias individuais e seletivas envolvendo de 15% a 20% dos 8,6 mil funcionários no País. “Por enquanto essa medida está sendos uficiente.”

Ele defende a flexibilização das normas trabalhistas com programa similar ao adotado na Alemanha desde os anos 50.

O modelo prevê que, em tempos de crise, o trabalhador é afastado,mas continua vinculado à empresa e parte do salário é paga pelo governo. A proposta é usar verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), hoje gasta com seguro-desemprego.

Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), e Miguel Torres, dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), informaram que as centrais devem se reunir nos próximos dias para levar uma posição conjunta ao governo sobre o programa.

Segundo Marques, de janeiro amaio a base dos metalúrgicos do ABC, formada por 100 mil trabalhadores, teve saldo negativo de 2 mil empregos. Estão incluídos os 1,2 mil trabalhadores da Volks e de fabricantes de autopeças que estão em lay-off (contratos suspensos).

Um deles é Valdecir da Cruz, de 45 anos. “Em 24 anos de trabalho na Volks nunca tinha ficado tanto tempo em casa”, conta.

Ele trabalhava na produção de peças para a Kombi e o Gol G4, que deixaram de ser produzidos.

Em lay-off desde maio, num grupo de 790 funcionários, Cruz frequenta duas vezes por semana um curso de requalificação no Senai. Nos outros dias ocupa o tempo com reformas na casa. “Espero voltar para a Volkswagen em outra área, se possívelemdois meses.”/ C.S.