Um dia depois de ida do ministro Miguel Rosseto à sede da Força Sindical, em São Paulo, aproximação entre governo e central sofre golpe; jornal O Estado de S. Paulo noticia que administração Dilma Rousseff planeja mudanças em conquistas trabalhistas como acesso à aposentadoria por invalidez e auxílio-doença; “Se o diálogo que o governo quer for nessa base de saber de ataques aos trabalhadores pelos jornais, então nós estamos fora desse diálogo, que assim é desonesto conosco”, disse presidente da Força ao BR:; “Ou o governo se organiza e se dá ao respeito, ou é melhor que caia mesmo”; íntegra de nota oficial:
“O diálogo organiza o governo”. Destaque ontem no BR:, a frase do ministro Miguel Rosseto, dita ontem na sede da central Força Sindical, em São Paulo, entrou em xeque nesta quarta-feira 26. Para irritação do presidente da Força, Miguel Torres, soube-se, em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que a equipe econômica do governo está estudando mexer em conquistas trabalhistas como o acesso à aposentadoria por invalidez e também ao auxílio-doença.
“Se o diálogo que o governo quer é nessa base de desonestidade conosco, então estaremos fora dessa conversa. Passaremos a agir de outra maneira, indo pro pau”, disse Torres ao BR:. “Não pode num dia o ministro Rosseto nos visitar com acenos ao entendimento e, no mesmo momento, o governo que ele representa tramar contra os direitos dos trabalhadores. Isso não é organizado e muito menos ético”, assinalou.
Com efeito, a notícia de nova investida da equipe econômica sobre direitos conquistas trabalhistas irritou os sindicalistas. Junto a uma delegação de dirigentes de centrais sindicais, Torres encontrou-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em audiência formal em Brasília. No Palácio do Planalto, um pouco antes, Rosseto se reunia com outros sindicalistas para tratar da realização do Fórum Nacional do Conselho Tripartite.
“Se o governo pensa que vai nos enganar, o engano é todo do governo”, assinalou Torres. “Fazer promessas de diálogo num dia e trair esse compromisso no mesmo dia é ridículo. Ou o governo realmente se organiza, como disse o ministro Rosseto, pelo diálogo, ou nós vamos nos retirar desse Fórum, porque estará demonstrado que a iniciativa não é séria. Daí nos vamos pro pau e se o governo cair, que caia”, asseverou o líder da Força.
A palavra, agora, está com o ministro Miguel Rosseto, que na véspera dissera aos dirigentes da Força que é interesse do governo fortalecer os direitos dos trabalhadores, e não surrupiá-los ainda mais em nome o ajuste fiscal. A pendenga pode atingir ainda mais a sustentação política de Dilma. “Desse jeito, o melhor mesmo é que ela renuncie e assuma quem cumpre a palavra”, concluiu Torres ao BR:.
Abaixo, nota oficial divulgada pela Força Sindical:
Governo amplia “Pacote de Maldades” contra aposentados e trabalhadores que recebem auxílio-doença previdenciário e ou acidentário
Um dia depois de o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-geral da Presidência da República, pregar, em sua visita à Força Sindical, o diálogo, como forma de debelar crises, fomos surpreendidos com a notícia de que o governo vai ampliar o “Pacote de Maldades”, contendo novas regras para as aposentadorias por invalidez e para o auxílio-doença, pagos pela Previdência Social.
É muito triste constatar que o discurso do governo é maravilhoso na teoria. Mas que, na prática, suas colocações não condizem com a realidade. Como confiar no processo de diálogo defendido pelo ministro, se com o governo diálogo é palavra que não existe? O ministro, durante o encontro, disse que “o diálogo organiza o governo”. Então, ministro, o governo tem de ser, urgentemente, avisado de que está totalmente desorganizado. E equivocado mais uma vez!
De antemão informamos que repudiamos veementemente propostas como estas, que buscam, somente, fazer com que o governo reduza suas despesas com a retirada, de forma sumária, dos direitos dos segurados. Justamente daqueles que mais têm necessidade de recursos.
Só podemos classificar como uma selvageria sem tamanho esta tentativa indecorosa de aumentar o período de carência exigido como contribuição mínima para que a pessoa possa receber benefício por invalidez, passando-o de 12 para 24 meses. Um golpe contra quem tanto fez pelo desenvolvimento do País e uma clara demonstração de insensibilidade social e descaso.
Vamos denunciar, esta forma injusta e arbitrária com que o governo vem tratando os trabalhadores mais desfavorecidos do País.