Brasil puxa desemprego de jovens na AL

Valor Econômico

A América Latina é a região que sofre o maior aumento no desemprego entre os jovens no mundo, e essa situação continuará em 2017 por causa da recessão mais profunda do que se previa no Brasil e na Argentina, prevê a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O relatório “Emprego e questões sociais para os jovens no mundo 2016” prevê para este ano crescimento econômico mundial de 3,2%, 0,4 ponto a menos que em 2015. Para a OIT, isso se explica pela recessão de Brasil, Argentina, Rússia e pela persistente estagnação em alguns países ricos, onde a expansão econômica está no nível mais baixo desde 2003.

Em consequência, após vários anos de leve melhora, a taxa mundial de desemprego dos jovens, que era de 12,9% em 2015, deverá atingir 13,1%. É a primeira alta em três anos, e a deterioração é mais marcante nos países emergentes.

A OIT avalia que a América Latina será a região mais atingida pelo crescimento na desemprego entre os jovens, passando de 15,7% em 2015 para 17,1% em 2017.

A estimativa é de que neste ano o número total de jovens sem trabalho pulará de 8,5 milhões para 9,3 milhões na região. Embora a OIT não tenha divulgado dados por país, o Brasil, pela sua situação economica, é o mais afetado.

“Há sempre um certo atraso entre a recessão e o mercado do trabalho”, disse ao Valor o economista-chefe da OIT e principal autor do relatório, Steven Tobin. “Assim, a crise econômica em certos países da América Latina em 2015 só agora começa a ter efeito [no emprego], e isso vai continuar em 2017”.

O cenário “alarmante e perturbador” é completado pela constatação de que grande número de jovens que trabalham não ganham o suficiente para sair da pobreza.

Para a OIT, na América Latina e nos emergentes em geral, mais jovens só podem encontrar empregos informais, a tempo parcial ou temporário e sem proteção social.

“O risco na América Latina é de que reversão de todos os ganhos obtidos nos últimos anos”, diz Tobin. “É preciso tentar realmente manter esses jovens próximos do mercado de trabalho formal, com formação contínua, para não perderem a capacidade adquirida e o que foi alcançado na área social.”

É na Africa subsaariana e na América Latina que se encontra o maior número de jovens desejando migrar, em busca de melhores chances no exterior.

Como há regiões em que o nível de emprego deve subir ou ficar estável, como no sul da Ásia, nos países árabes e em certos países europeus, o número de jovens desempregados no mundo crescerá 500 mil neste ano, para 71 milhões.