O diretor de Assuntos Jurídicos do Sindnapi Marcelo Gato, falecido no dia 26 de novembro passado, foi homenageado nesta quinta-feira (6/12) pela Câmara dos Deputados. Representado no ato pela sua esposa Andréa e a filha Marina, Marcelo Gato recebeu de volta o diploma de deputado federal e o broche de lapela que identifica os parlamentares. Esse emblema, assim como a devolução simbólica do mandato, foram-lhe concedidos em repúdio ao ato de força da ditadura militar que, em janeiro de 1976, cassou os seus direitos políticos.
Eleito deputado federal em 1974, com 101 mil votos, a sexta maior votação do país, Marcelo Gato foi cassado pelos militares porque denunciou que, nos porões do Exército brasileiro, em São Paulo, havia tortura e mortes de companheiros que lutavam pelo restabelecimento da democracia no Brasil. Foi uma época sombria. Nada de liberdade de expressão, de imprensa, nem de greves contra o arrocho salarial. Os militares mantinham uma política de concentração de renda, proibindo qualquer tipo de manifestação política.
A homenagem foi uma iniciativa da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) que se estendeu a todos os 173 parlamentares cassados entre 1964 e 1977. “É uma forma simbólica de resgate dos mandatos cassados pela ditadura civil militar, que se valeu da força durante 20 anos”, afirmou a deputada, pouco antes da sessão solene que reuniu cerca de 20 deputados cassados e quase uma centena de familiares dos que não puderam comparecer porque já morreram.
Além da esposa Andréa e da filha Marina, diretores nacionais do Sindnapi deslocaram-se de São Paulo para Brasília a fim de render mais essa homenagem ao companheiro já falecido. “Marcelo Gato faz muita falta. Era ele quem elaborava com muita competência os documentos do sindicato, assim como vinha aperfeiçoando o nosso departamento jurídico”, afirmou Marcos Bulgarelli, diretor de Finanças do Sindnapi, um dos dirigentes presentes na solenidade de Brasília.