Centrais discutem o mínimo e Lupi diz que Congresso decide

SÃO PAULO – As centrais sindicais voltam a se reunir hoje, em São Paulo, para discutir ações para a negociação do salário mínimo – o grupo pleiteia o valor de R$ 580 contra os R$ 540 definidos pelo governo. Ontem, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou que o Congresso Nacional é que vai definir o valor do benefício. De acordo com ele, a gestão federal a acatará a decisão. “O Congresso é soberano”, disse. “O que o Congresso definir, nós teremos que aceitar porque é ele que decide”, continuou.

A reunião das centrais acontece na sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT). De acordo com o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o grupo discute ainda as posições a serem tomadas quanto à defesa da correção da tabela do Imposto de Renda.

“Nossa ideia é acertar o que será feito nas negociações do aumento do salário mínimo e também da correção da tabela do Imposto de Renda. Vamos definir ações no Congresso Nacional e mobilizações nos estados”, afirmou Juruna.

Para ele, ainda há margem de negociação no Orçamento Geral da União para um salário mínimo acima de R$ 540, valor em vigor desde 30 de dezembro por meio de medida provisória editada pelo então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Com um salário mínimo melhor (sic) distribuído, pudemos sair mais rapidamente da crise. Conseguimos aumentar o poder de consumo dos trabalhadores”, lembrou Juruna.

No Congresso Nacional, já existe consenso para reajustar o salário mínimo acima da inflação, mas a MP que determina o novo valor só deverá ser votada em meados de março.

Soberano

Na semana passada , o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia dito que qualquer aumento à proposta de R$ 540 seria vetado. Lupi, entretanto, ratificou que a discussão sobre o salário mínimo está aberta. “A política é uma casa de diálogo. O governo apresentou sua proposta, mas o Congresso tem competência para discuti-la e fazer emendas.”

O ministro mesmo disse que defendeu um reajuste maior. Lupi afirmou que, para ele, o piso deveria ser de R$ 560, porém disse que sua proposta foi vendida nas discussões internas do governo federal. “Eu tinha um projeto de chegar a R$ 560, mas fui vendido. O governo decidiu por R$ 540 e eu, como sou membro do governo, tenho que acatar a vontade da maioria.”

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, disse que apresentará uma emenda à MP que reajustou o salário mínimo.