Fábio Vasconcellos
RIO – Uma manifestação organizada nesta quinta-feira à tarde no Centro do Rio por centrais sindicais contrárias à privatização de estatais se transformou num ato pró-Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência. Com a presença de cerca de cinco mil pessoas, segundo a Polícia Militar, o evento começou com uma concentração na Candelária, seguida de caminhada pela Avenida Rio Branco até a sede da Petrobras, na Avenida Chile. Apesar dos ataques ao candidato tucano, José Serra, e de deixar o trânsito lento no Centro, a manifestação ocorreu sem maiores incidentes.
O que mais se viu no evento – chamado pelos manifestantes de ato “Em defesa do emprego, dos direitos, do patrimônio público e da soberania nacional” -foram pedidos de voto para Dilma. Após caminharem pela Rio Branco, que teve duas faixas fechadas pela Polícia Militar, os manifestantes deram um abraço simbólico no fim da tarde no prédio da Petrobras. Além dos sindicalistas, participaram do evento universitários, militantes do PT, integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST), petroleiros e funcionários de estaleiros.
Embora o evento contasse com militantes do PT com bandeiras do partido e de Dilma, o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio Moraes, disse que o ato foi organizado pelos sindicatos dos trabalhadores. Segundo Moraes, a intenção era chamar atenção para o risco da concessão da exploração do pré-sal:
– Esse é um evento público de defesa do emprego, da soberania nacional e contra a privatização do pré-sal. Não é organizado pelo PT nem pela candidatura da Dilma. Mas claro que há sensibilidade das pessoas que estão aqui pela candidatura da Dilma. O que nos motivou a fazer o ato foi a afirmação do assessor de energia de Serra, David Zylbersztajn, que disse ser favorável ao modelo de concessão do pré-sal. Somos contra isso.
O senador eleito do Rio Lindberg Farias (PT), o presidente regional do PT, Luiz Sérgio, e a ministra da Secretaria de Políticas Públicas, Nilcéa Freitas, participaram da manifestação. Lindberg afirmou que até o dia 31 haverá eventos de mobilização no estado. Lindberg disse ainda que a direção do PT não sabia da presença de militantes do partido em Campo Grande, onde nesta quarta-feira Serra foi agredido .
– A questão dos mata-mosquitos com Serra é antiga. Não tínhamos conhecimento da presença deles em Campo Grande. Nesta quinta-feira orientamos todas as lideranças a evitarem confronto. Tudo que não queremos agora é problema – disse Lindberg, acrescentando que os militantes estão sendo orientados a não irem a Copacabana domingo, onde haverá ato pró-Serra.
Na manifestação no Centro foram distribuídos material de campanha de Dilma e o informativo “Jornal dos Brasileiros”, com comparativos entre os governos Lula e FH. O jornal, produzido pela campanha de Dilma, atacava também Serra, com críticas ao seu desempenho quando ministro da Saúde e governador de São Paulo. Também foram entregues panfletos com a assinatura de professores de universidades federais que declararam apoio a Dilma.