Centrais sindicais preparam 1ª Marcha das Mulheres Negras

As centrais sindicais e entidades que defendem os negros estão preparando a 1ª Marcha das Mulheres Negras, que será realizada no dia 13 de maio de 2015, em Brasília. O objetivo é despertar a consciência da sociedade brasileira contra o racismo, a violência e as desigualdades sociais no País, diz Maria Rosângela Lopes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Vale do Sapucaí e da Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, que representa a Força Sindical, junto com Yara Pereira da Silva, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos SP, nas reuniões das centrais que organizam a Marcha .

É a primeira vez que as mulheres negras saem às ruas para lutar especificamente pelos seus direitos, porque recebem baixos salários, são vítimas de violência, têm menos oportunidades de estudar que as mulheres brancas, entre outros. Por exemplo, a diferença salarial entre a mulher negra e os homens não negros (que ganham os melhores salários) é de 46%. “Isto significa dupla discriminação de cor e gênero”, afirma Camila Ikuta, técnica da subseção do Dieese na Força Sindical.

Segundo a técnica do Dieese, em relação às mulheres não negras, esse percentual é menor: recebem em média de 19% a menos que os homens não negros.  “Estas informações deixam claro que as mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho não apenas por serem mulheres (que já recebem rendimentos inferiores aos dos homens), mas também por serem negras, já que seus rendimentos são ainda inferiores aos das mulheres não negras”, destaca.

A média da participação das mulheres negras no mercado de trabalho é de 52% maior do que as não negras.  Já o desemprego é sempre mais elevado entre a população negra, mas costuma atingir ainda mais as mulheres negras do que os homens negros e as mulheres não negras, em todas as regiões. A média da taxa de desemprego no total das regiões é de 13,8% para mulheres negras, enquanto que essa média fica em 10,9% para mulheres não negras, e 9,6% para homens negros.

Os empregos das mulheres negras concentram-se nos setores de Serviços (70,6%) e Serviços Domésticos (19,2%).Geralmente, as mulheres negras estão em ocupações precárias e com menor exigência de qualificação profissional, e consequentemente menores rendimentos.

Durante 2009 e 2011, 61% de todos os óbitos femininos foram de negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. A proporção de óbitos mais elevada de mulheres negras se concentra nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). Dados de 2012 apontam que as mulheres negras constituem 63% da população carcerária brasileira.

A reunião de organização da Marcha ocorreu no dia 15 de outubro, na sede da UGT Nacional, em São Paulo, e contou com participação de mulheres dirigentes da Força Sindical, UGT, INSPIR (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial), CUT, CTB, NCST e CGTB.

“Conseguimos promover a Marcha porque  Inspir está unindo todas entidades que defendem os negros em todo o País”, diz Rosângela.

O movimento conta com uma rede social www.facebook.com/marchamnegra e um e-mail marchanegras2015@gmail.com para contato.

Veja os dados sobre as mulheres negras, conforme levantamento da subseção do Dieese na Força Sindical:

Situação da mulher negra

PARTICIPAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

A taxa de participação das mulheres negras no mercado de trabalho é sempre maior do que das mulheres não negras, em todas as regiões. A média da participação das mulheres negras no mercado de trabalho é de 52%.

(Fonte: PED – SEADE/DIEESE)

•          DESEMPREGO

O desemprego é sempre mais elevado entre a população negra, mas costuma atingir ainda mais as mulheres negras do que os homens negros e as mulheres não negras, em todas as regiões.

A média da taxa de desemprego no total das regiões é de 13,8% para mulheres negras, enquanto que essa média fica em 10,9% para mulheres não negras, e 9,6% para homens negros.

Em Salvador, região onde há elevado desemprego, a taxa de desemprego das mulheres negras chega a 21,7%, enquanto homens negros possuem taxa de 14,9%.  Em São Paulo, a taxa para mulheres negras é de 14,1%, para mulheres não negras 11,6% e homens negros 10,9%.

(Fonte: PED – SEADE/DIEESE)

 

•          EDUCAÇÃO

Segundo dados da PNAD 2011 (último dado disponível), a taxa de alfabetização (pessoas de 25 a 49 anos) era de 97,5% para mulheres brancas, enquanto que para as mulheres pretas ou pardas, era menor: de 93,3%.

A taxa de freqüência educacional líquida (pessoas de 6 a 24 anos de idade) para as mulheres negras vai descrescendo conforme o nível educacional aumenta, conforme demonstram os dados abaixo:

Ensino Fundamental: 92,1% para as mulheres brancas e 91,8% para as mulheres pretas ou pardas.

Ensino Médio: 64,7% para as mulheres brancas, e 52,1% para mulheres pretas ou pardas.

Ensino Superior: 23,6% para as mulheres brancas, e 10,9% para mulheres pretas ou pardas.

 

•          SETORES DA ECONOMIA

As mulheres negras concentram-se nos setores de Serviços (70,6%) e Serviços Domésticos (19,2%) (média das regiões pesquisadas)

Geralmente, as mulheres negras estão em ocupações precárias e com menor exigência de qualificação profissional, e consequentemente menores rendimentos.

(Fonte: PED – SEADE/DIEESE)

 

•          DIFERENÇA SALARIAL

Se compararmos os rendimentos das mulheres negras aos dos homens não negros (que recebem os maiores níveis de rendimento), percebemos a dupla discriminação: cor e gênero.

Em todas as regiões pesquisadas, as mulheres negras recebem, em média, 46% a menos do valor recebido pelos homens não negros. Em relação às mulheres não negras, esse percentual é menor: recebem em média de 19% a menos que os homens não negros. 

Estas informações deixam claro que as mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho não apenas por serem mulheres (que já recebem rendimentos inferiores aos dos homens), mas também por serem negras, já que seus rendimentos são ainda inferiores aos das mulheres não negras.

(Fonte: PED – SEADE/DIEESE)

 

•          VIOLÊNCIA

Durante 2009 e 2011, 61% de todos os óbitos femininos foram de negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. A proporção de óbitos mais elevada de mulheres negras se concentra nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)

 

•          POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Dados de 2012 apontam que as mulheres negras constituem 63% da população carcerária brasileira.

Fonte: Ministério da Justiça e Relatório Anual Socioeconômico da Mulher – Secretaria de Políticas para as Mulheres.