Centro de Memória Sindical debate a estrutura sindical e formas de financiamento no Brasil

Iugo Koyama

Juruna, secretário-geral da Força (à esq.), na
mesa de debates

A Estrutura Sindical e Formas de Financiamento no Brasil é um tema que gera muitas discussões no movimento sindical. Para clarear mais as idéias e tentar caminhar para um consenso, a Força Sindical promoveu nesta sexta-feira (dia 18), um debate, que foi organizado  pelo Centro de Memória Sindical (CMS), instalado no Sindicato Nacional dos Aposentados.

Os debatedores foram Adalberto Cardoso, professor do Iesp-UERJ; Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese; João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical; Pascoal Carneiro, secretário-geral da CTB e, como mediador, Arnaldo Gonçalves, secretário nacional de Saúde e Segurança no Trabalho da Força Sindical.

Coube a Milton Cavalo, presidente do CMS, abrir os trabalhos. Segundo ele, os debates são de suma importância para os dirigentes sindicais para darem consistência aos argumentos e bandeiras defendidas pela classe trabalhadora.
Para Arnaldo Gonçalves, desenvolver debates é uma ação de interesse dos trabalhadores e também é uma forma de resgatar a história do movimento sindical.

O secretário estadual do Trabalho, Carlos Andreu Ortiz, destacou a importância da memória sindical e lembrou que a secretaria que dirige será parceira do Centro de Memória no projeto sobre “O legado da imigração italiana em São Paulo: da mão de obra operária às ideologias comunistas, anarquistas e socialistas”.

Financiamento
O professor Adalberto Cardoso afirmou que a combinação do Imposto Sindical com a unicidade sindical levou à pluralidade na prática, porque o País tem 22 mil sindicatos, conforme informações do Ministério do Trabalho. “São muito mais sindicatos e a taxa de sindicalização é a mesma, se comparado os números atuais com outras décadas. O sistema sindical  não oferece incentivos para coordenação da ação na base, mas a pluralidade também não resolve este problema”, destacou.

Para o professor Cardoso, a solução será encontrada pelos dirigentes sindicais, através de debates e negociações levando em conta o passado. “Qualquer decisão precisa passar pela coordenação das centrais, que hoje têm muito poder”, declarou.

Para Carlos Pascoal, secretário-geral da CTB, a estrutura sindical brasileira é uma das mais fortes do mundo. “Só é forte porque tem condições de se sustentar. Agora, as espertezas, temos que resolver com serenidade”, ressaltou.

Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, afirmou que o debate é difícil porque existem várias formas de discutir tanto a estrutura  quanto o financiamento sindical. Ele lembrou que em 2003 foi realizado o Fórum Sindical e, esta foi a última vez que se discutiu este assunto. “É preciso redesenhar este sistema de relações de trabalho para que seja coerente com o momento vivido pelo Brasil hoje”.

“Temos que pensar no sindicato como um instrumento de luta no mundo capitalista para que assim seja promovida a distribuição de renda, justiça social e que os trabalhadores tenham melhor qualidade de vida. Não há estrutura, nem ação do movimento sindical sem financiamento. Precisamos ter clareza: de qual estrutura sindical precisamos ter para os enfrentamentos futuros? O que temos hoje está de acordo para desenvolvermos as nossas lutas? Devemos saber como o capital se articula para desenvolvermos nossos enfrentamentos”, destacou Lúcio.

Juruna declarou que esta série de debates é para que os trabalhadores reflitam e tomem decisões para melhorar a atuação do movimento sindical. Na visão de Juruna, a estrutura sindical deve ser democrática para fortalecer as categorias, para as negociações com o patronal. “Creio que estamos superando a idéia de que cada categoria deve trilhar os seus caminhos. É necessário que prevaleça a unidade de ação dentro do movimento sindical.

“Grandes categorias”, destacou  Juruna, “como os metalúrgicos se uniram para atuar de forma unitária em prol da classe trabalhadora. O movimento sindical tem avançado em suas conquistas. Porém, temos que dar mais atenção para a organização nos locais de trabalho. O financiamento deve ser debatido porque garante toda a estrutura do movimento sindical”, disse.