A unidade dos trabalhadores e o estímulo aos jovens para participarem da luta por um Brasil com mais igualdade neste momento em que a classe trabalhadora é bombardeada com a nova lei trabalhista, a terceirização e a precarização foram os pontos mais defendidos no lançamento da Revista “1968 e os trabalhadores”.
O ex-ministro José Dirceu, da Casa Civil do governo Lula – um dos que deu depoimento na publicação – esteve presente no evento organizado pelo Centro de Memória Sindical no dia 30, no Hotel Leques, em São Paulo.
Carolina Maria Ruy, coordenadora do Centro de Memória, disse que a escolha do tema da revista foi que o ano de 1968”, afirmou, “ foi um dos mais emblemáticos do século 20. No auge da Guerra Fria, foi ano de efervescência cultural e política, em que a luta social alcançou maturidade e força. Lembrado pelos hippies e pela contracultura, pouco se fala, entretanto, das importantes lutas sindicais que ocorreram no período. Por isto, o Centro de Memória Sindical publicou esta revista sobre as principais lutas sindicais de 1968 no Brasil e no mundo, bem como um panorama social e político daquele ano”.
João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sidnical, informou que foram feitas 11.500 revistas adquiridas por sindicatos e pelas centrais – Força Sindical, UGT, CUT e CTB. “O objetivo”, declarou, “foi demonstrar a luta democrática daquele momento, a luta dos trabalhadores e das suas conquistas no plano nacional e internacional”.
Confira a seguir depoimentos dos participantes do lançamento da revista.
“O que mais marcou o ano de 1968 para mim foi a disposição de milhares de jovens operários de indústria ,sobretudo metalúrgicos, que se jogaram na luta. Estávamos debaixo de uma ditadura e cercados pela polícia marítima. Hoje ninguém conhece, mas era extremamente violenta e aqueles jovens se dispuseram ao sacrifício para reerguer o movimento operário, que estava esmagado desde 1º de abril de 64. Era extraordinário. Eu era muito jovem também”. – José Luiz Del Roio, jornalista que ajudou o sindicalista José Ibrahin a organizar o ato do 1º de Maio na Praça da Sé, em São Paulo
“ Destaco a vantagem do Centro de Memória Sindical ter produzido essa revista porque ela é uma tentativa, com êxito, de se rememorar um passado não tão distante com as lições que ele tem. Em 1968, eu era obviamente jovem e era dirigente do PCB e já atuava clandestinamente principalmente entre os estudantes universitários, movimentos de bairro, etc… Organizamos a Marcha dos 100 mil para ao mesmo tempo aglutinar as forças democráticas e enfrentar os desmontes da ditadura e ela representou a resistência aos avanços da repressão”. – João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
“Se nós não conseguirmos atingir os jovens vamos perder essa batalha. Nós temos que, através desses instrumentos, revistas, internet e depoimentos de pessoas que viveram aquela época mostrar para os jovens que o Fundo de Garantia e 13º foram frutos da batalha dos trabalhadores organizados em seus sindicatos e não alguma coisa que o patrão ou governo deram para eles. Se não tivesse a luta dos trabalhadores não estaríamos hoje com esses benefícios que agora, cada vez mais, querem tirar. Precisamos mostrar que sem a organização e sem a luta não conseguimos nada. Por isso é importante mostrar a luta operária.” – Milton Baptista de Souza Filho, Cavalo – presidente do Centro de Memória
“A revista é um resgate da nossa memória, da nossa história e tem muito valor para nós. Eu reconheço no Centro de Memória Sindical um trabalho importante e que ajudou os primeiros passos na construção do Centro de Memória da CTB. É importante fortalecermos essa parceira”. – Adilson Araujo, presidente CTB
“Quero parabenizar o Centro de Memória por esta iniciativa. Uma revista mostrando a luta dos trabalhadores em 68 é importante neste momento em que a classe trabalhadora sofre os ataques com a nova lei trabalhista, a terceirização e a precarização.” – Sergio Luiz Leite, Serginho, 1º secretário da Força
“A revista é importante para mostrar aos jovens que todos os benefícios vieram da luta, não vieram de graça. Para obtê-los muito trabalhadores foram presos, torturados, mortos. Temos que preservar nossos direitos”. – Jorge Carlos de Morais, Araken, secretário-geral do Sindicato do Metalúrgicos SP
“A luta das mulheres é importante e como somos mais de 50% da poulação temos muita responsabilidade em votar nas eleições”. – Maria Auxiliadora dos Santos, secretária Nacional da Mulher da Força
“ Este momento é de unidade. Apesar de toda, desesperança este momento é importante porque temos eleições e o trabalhador e a trabalhadora devem ter consciência quando votar. Nossa arma é o voto.” – Ricardo Patah, presidente da UGT
“O que está acontecendo no nosso país é simples: as elites resolveram que a classe trabalhadora vai arcar com todo o peso da crise que elas criaram. Não fazem reforma tributária, não baixam juros, quer dizer baixou os juros da Selic. Mas o juro que o trabalhador paga para comprar geladei, televisão é o maior juro do mundo. A diferença, que é o spread bancário é de 28% a 32%. Jogaram nas costas dos trabalhadores o custo da crise com a terceirização, reforma trabalhistas e precarização. Trabalhar um terço a mais e ganhar um terço a menos e quebraram os sindicatos para fazer a reforma da Previdência.É um momento que os sindicatos e movimentos sociais devem assumir a vanguarda da luta para romper essa situação que o País está vivendo”. – José Dirceu, ex-ministro do governo Lula