Cerca de 20 mil crianças e adolescentes vivem em situação de trabalho infantil no AM

FONTE: acrítica.com

Enquanto em Manaus o trabalho infantil acontece, principalmente, nos sinais de trânsito, no interior o caminho da exploração é o da roça, alerta especialistas

JÉSSICA VASCONCELOS

Dos 62 municípios do Amazonas, 43 ainda apresentam alto índice de trabalho infantil, segundo a secretária-executiva de Assistência Social do Estado, Graça Prola. Ao todo, 20 mil crianças e adolescentes vivem em situação de trabalho infantil nesses locais.

De acordo com Graça Prola, atualmente, as atividades de trabalho infantil dos municípios da Região Metropolitana não são mais “meramente agrícolas”, como no passado, e o comércio informal, com a venda de guloseimas, envolve boa parte das crianças e adolescentes nessa situação.

Ainda de acordo com a secretária, em Manaus o trabalho infantil acontece, principalmente, nos sinais de trânsito, com crianças fazendo malabarismo e vendendo produtos. Já nos municípios distantes de Manaus a roça ainda é o caminho que muitos pais encontram para ocupar os filhos. “Em alguns casos não tem necessidade da criança trabalhar e os pais levam para a roça apenas para ocupar o tempo”, disse a secretária.

Apesar do longo trabalho que ainda precisa ser realizado, Graça Prola comemora a erradicação do trabalho infantil nas olarias e quebrando pedras, no Tarumã. “Claro que o ideal é que toda forma de trabalho infantil já tivesse sido erradicada, mas essa foi uma conquista”, disse Graça Prola.

Políticas públicas

De acordo com a secretária nacional de Assistência Social, Denise Colin, no Brasil houve uma redução de 10% no número de casos de trabalho infantil, porém ainda é preciso discutir e pensar política públicas para que esse tipo de trabalho seja erradicado.

Essa redução de trabalho infantil é percebida também nos munícipios. Segundo a secretária municipal de Assistência Social do Careiro da Várzea, (distante 29 quilômetros de Manaus), Maria das Graças, há dez anos, o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) apontava aproximadamente 400 casos de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no município, mas com as atividades desenvolvidas junto às famílias e às escolas, o número passou para apenas 30. “Isso é uma vitória conquistada a partir de um trabalho conjunto de todos os envolvidos nesse processo, que precisa ser continuado”, explicou Maria das Graças. A secretária municipal ainda destacou que encontros de conscientização devem ser feitos também nos munícipios do interior, para envolver todos.

Inserção nas escolas é a solução

Para o superintende regional do Trabalho, Francisco Edson Rebouças, o trabalho infantil ainda é uma realidade, porém atualmente tem sido realizado um trabalho não só de retirada das crianças das ruas, mas também com as famílias, pois quando essas crianças e adolescentes não são inseridos na escola, elas acabam voltando para a rua e o ciclo não acaba.

O ensino com jornada ampliada é uma das alternativas que podem ser utilizadas para tentar erradicar o trabalho infantil no País, na avaliação de Rebouças. “Somente por meio de um trabalho conjunto é possível resolver esse problema no nosso País e esses encontros para discussões são primordiais para que, no futuro, essa situação seja erradicada”, disse o superintendente.