Codeme corta 240 com retração de encomendas

Por Ivo Ribeiro | De São Paulo

O grupo Codeme, de Minas Gerais, um dos maiores no setor da construção metálica, já teve de fazer ajustes no quadro de pessoal com a queda nas encomendas de estruturas metálicas. “Está tudo parado desde o início do ano”, afirma Ademar de Carvalho Barbosa Filho, presidente da empresa.

Com uma fábrica em Taubaté (SP) e duas em Minas Gerais (Betim e Juiz de Fora), empregava até o fim de abril 1,2 mil pessoas. “Seguramos enquanto foi possível. Em maio e junho não teve mais jeito: demitimos 240 funcionários”, disse o executivo.

A Codeme controla ainda a Metasa, do Sul do país, que opera duas unidades fabris. “Lá, por enquanto, o número de demissões é pequeno”, informou Carvalho.

Segundo o executivo, projetos para grandes obras de mineração, siderurgia, metalurgia, cimento e óleo e gás (foco do grupo) e construção comercial, como galpões, e edifícios para escritórios estão paralisados. Empresas reduziram e até congelaram novas encomendas.

Para agravar a situação do setor, diz Carvalho, há uma grande entrada de material da China para projetos da Petrobras e da Vale com isenção de impostos e até financiamento do BNDES. “Com isso, não temos condições de competir em muitas concorrências”.

O executivo informou que a ociosidade nas fábricas do grupo já atinge 40% da capacidade instalada, não muito diferente do que ocorre no setor. Nas obras da Copa, a empresa não ganhou contratos para os estádios. Apenas de infraestrutura e hotéis.

No ano passado, um dos melhores vividos pelo setor desde 2010, o grupo Codeme/Medform faturou R$ 750 milhões. Esse valor inclui a controlada Metasa. “Falta uma política industrial, de crescimento e uma reforma tributária prá valer”, reclama.

Segundo Luiz Carlos Caggiano Santos, presidente da Abcem, o setor enfrenta uma concorrência forte dos importado. “Nas grandes obras, já participa com até 40%”, informa. Ele aponta um exemplo da perda de competitividade: estrutura de módulos para plataformas de petróleo na China custa US$ 3,4 o quilo; aqui, o valor chega a US$ 5,6 o quilo.

O avanço das importações é bem visível, menos para o governo, diz Santos. Em 2005, eram US$ 15 milhões. Cinco anos depois foi a US$ 120 milhões. Neste ano, espera-se aumento de quase 70% sobre as 180 mil toneladas de 2013, chegando a 20% das vendas no país.