Comissão da Verdade define atividades para lembrar vítimas da ditadura

Jaelcio Santana

Representantes da Força Sindical e demais centrais sindicais – que fazem parte do Grupo de Trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical” criado pela Comissão Nacional da Verdade – se reuniram na manhã desta terça-feira, dia 3, para fechar o planejamento de atividades do GT em 2013.

Os participantes do Grupo de Trabalho definiram as atividades que serão realizadas ainda este ano. No dia 01 de outubro, a partir das 9h30, na sede do Sindicato dos Engenheiros será acontece o próximo evento, denominado Ato Nacional – CGT – 1964 que vai resgatar a história do golpe de 64.

Outras atividades foram definidas: no dia 07 de outubro será realizado em Ipatinga um ato para lembrar o massacre de Ipatinga. Em novembro será na Baixada Santista local histórico onde aconteceram inúmeras torturas contra trabalhadores, grandes perseguições e intervenções a entidades sindicais. Em Osasco os trabalhadores farão um ato para lembrar a greve de 83, com data que será definida.

A coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, que também é responsável pelo GT “Ditadura e Repressão aos Trabalhadores”, ressaltou a importância de divulgar os 11 temas analisados pelo GT, que tem entre outros itens, levantamento dos sindicatos que sofreram invasão e intervenção no golpe e após o golpe; investigação de quantos e quais dirigentes sindicais foram cassados pela ditadura militar e quais e quantos dirigentes sindicais sofreram prisão imediata ao golpe.

O grupo apura as graves violações de direitos humanos de trabalhadores, e também perseguições e políticas que provocaram desemprego e insubsistência dos trabalhadores. “Queremos que haja o reconhecimento político do papel da classe trabalhadora durante um período de repressão que os trabalhadores sofreram durante o regime militar”, afirma o secretário geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Juruna, juntamente com a Secretária Nacional de Direitos Humanos da Força Sindical, representa a Central no Grupo de Trabalho. O sindicalista ressalta que o papel da Comissão Nacional da Verdade é de resgatar a verdade e a reparação das injustiças que foram cometidas nos anos que durou a ditadura. “Os crimimosos devem ser punidos, pois muitos foram torturados e mortos”.

Ruth lembra que o sucesso desse grupo de trabalho passa pela unidade de ação de todos os participantes das atividades. “É importante a unidade de ação. Os dirigentes devem verificar os papeis que seus sindicatos tiveram. A unidade de ação é um importante passo no presente e no futuro”, observou.

Acesso a acervo
Na última semana, o GT iniciou o reconhecimento de arquivos do Ministério do Trabalho e Emprego que são importantes para o entendimento da história do trabalho e do sindicalismo brasileiros e aos quais sindicalistas e historiadores reivindicam acesso há anos.

Trata-se de arquivos que estavam se deteriorando em depósitos e que eram de conhecimento de diversos historiadores, ainda que sua existência e localização não fossem completamente certas e publicizadas. “Os documentos a que tivemos acesso revelaram a participação de grandes empresas nas perseguições a lideres sindicais”, afirmou Rosa.

Inicio das atividades
As atividades do Grupo de Trabalho começaram oficialmente no dia 22 de julho com a realização do Ato Sindical Unitário, na sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, com a participação da coordenadora da CNV, Rosa Cardoso, das  centrais sindicais e de dirigentes sindicais. O evento foi aberto pelos sindicalistas entre os quais, Arnaldo Gonçalves que participou da greve geral de 83 e à época era Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos.