O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu nesta quarta-feira, por unanimidade, que não haverá qualquer excepcionalidade na regra que exige que todos os veículos produzidos no Brasil tenham freios ABS e airbags a partir de 2014. Com isso, foi negado o pedido do setor automotivo de manter a Kombi, fabricada pela Volkswagen, em fabricação por mais dois anos. Como não comporta a instalação desses equipamentos de segurança, a Kombi terá que sair de linha já no ano que vem.
– Na avaliação do Contran, isso (a exceção para a Kombi) seria um retrocesso, pois a resolução (que exige a instalação dos equipamentos) tem o objetivo de elevar o padrão de segurança – disse o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.
Um representante da Volkswagen e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC participaram hoje de reunião extraordinária do Contran, onde pediram uma prorrogação para o prazo de fabricação da Kombi alegando o risco de demissão de quase mil trabalhadores que atuam na linha direta de produção do veículo. Mesmo assim, o ministro disse que não há justificativa para colocar a vida dos motoristas em risco:
– O próprio governo deu grandes contribuições para a manutenção do emprego (no setor automotivo). O Contran entendeu que fazer uma exceção iria de encontro ao que o país está fazendo para avançar. Chegamos à conclusão de que vida não tem preço.
O ministro lembrou que, no mercado americano, por exemplo, o número de mortes no trânsito foi reduzido em 30 mil a partir do momento em que a exigência de ABS e airbags foi imposta.
Ribeiro lembrou ainda que o Ministério da Fazenda já está ajudando o setor com medidas que minimizem o impacto da exigência a partir do ano que vem e ajudem a manter o emprego. Ele destacou também que as montadoras tiveram um prazo de quatro anos para se adaptar à exigência:
– Todas as montadoras passaram por esse processo de adaptação, tiveram tempo e absorveram colaboradores em outras linhas de produção. Outros mecanismos vão ser buscados para resolver a questão do emprego.
O ministro disse também que considerando o valor que se paga por veículos no Brasil, os produtos precisam ter um padrão elevado de qualidade:
– O carro no Brasil tem um preço que tem que ter como contrapartida um padrão de qualidade veicular.
Ele informou que o setor automotivo só procurou o governo para alertar sobre o risco de demissões em algumas linhas de produção na semana passada, faltando menos de um mês para o início da exigência:
– A poucos dias da entrada em vigor da resolução ficou pequeno o espaço de justificativa (para o adiamento).
Portal O Globo