Este foi o oitavo corte consecutivo nos juros básicos da economia brasileira.
Com decisão, rendimento da poupança também tem nova queda.
Alexandro Martello Do G1, em Brasília
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pelo presidente e diretores da instituição, se reuniu nesta quarta-feira (11) e decidiu baixar os juros básicos da economia de 8,5% para 8% ao ano, uma redução de 0,5 ponto percentual. A decisão foi unânime.
Este foi o oitavo corte consecutivo na taxa Selic, que começou a recuar em agosto do ano passado. Com a decisão do BC, foi “renovada” a mínima histórica, ou seja, os juros atingiram o menor patamar já registrado em toda a série histórica do Banco Central, que começa em 1986. Até o momento, a menor taxa apurada era justamente de 8,5% ao ano.
Expectativa do mercado e explicação do BC
A decisão do Banco Central confirmou a expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro. A previsão dos analistas dos bancos é de que o Copom promova um novo corte dos juros em sua reunião de 28 e 29 de agosto, desta vez para 7,5% ao ano – patamar no qual a taxa terminaria 2012.
Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: “O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 8,00% a.a., sem viés”.
Atividade, inflação e setor produtivo
Ao baixar os juros, o BC busca estimular a atividade e combater os efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira. Mesmo com oito cortes consecutivos nos juros, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano.
A autoridade monetária avalia que os cortes de juros demoram de seis meses a um ano para terem impacto pleno na economia, e informa que espera um crescimento maior do PIB brasileiro no segundo semestre de 2012.
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O Copom tem argumentado que a crise financeira internacional possui “viés desinflacionário” e que, por isso, tem sido possível reduzir a taxa básica de juros sem comprometer o controle da inflação.
Os cortes de juros também facilitam o financiamento da atividade produtiva. “A economia real passa a ter uma dimensão muito mais relevante, muito mais atraente, em relação à economia financeira, o que significa dizer que devem aumentar os investimentos e o movimento em torno das empresas produtivas. E renasce com muita intensidade o mercado de capitais. Isso vai ser uma revolução no financiamento das empresas brasileiras”, declarou o consultor do Iedi, Júlio Sérgio Gomes de Almeida.
Rendimento da poupança
O corte dos juros básicos por parte do Banco Central reduz, novamente, a rentabilidade da poupança. Pelas novas regras definidas pelo governo, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica estiver abaixo de 8,5% ao ano.
Com juros em 8% ao ano, a poupança será remunerada em 5,6% ao ano mais TR, contra 5,96% ao ano (acrescida da TR) quando os juros estavam em 8,5% ao ano. Antes da mudança das regras, a poupança rendia 6,17% ao ano, mais TR. Na poupança, porém, não é cobrada taxa de administração e nem Imposto de Renda (IR) – ao contrário dos investimentos em fundos. Os recursos podem ser sacados a qualquer momento.
Segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo, a caderneta de poupança continua atraente para os pequenos investidores. “Os juros reais [calculados após o abatimento da inflação] estão caindo. Nesse cenário, para quem tem volumes pequenos e não tem acesso a fundos de investimentos DI, ou renda fixa, com taxas de administração abaixo de 1,5% ao ano, a melhor opção ainda é a poupança”, afirmou ele.