O anúncio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que, apesar de ainda não estar definido, o cronograma de correção da tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas prevê um reajuste de apenas 5% já para o próximo mês, não atende às expectativas dos trabalhadores brasileiros, que a cada ano pagam mais imposto.
A defasagem acumulada desde 1996 já alcança a casa de 83,12%, segundo estudo divulgado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal. Só para que se tenha uma ideia, o prejuízo que isto representa para a classe trabalhadora, caso a tabela tivesse sido corrigida pelos índices reais de inflação acumulados, a faixa de isenção para o IR seria de até R$ 3.460,50. Ou seja: só salários acima deste valor teriam de recolher o IR.
Como a correção não acompanhou a inflação acumulada do período, hoje são isentos apenas aqueles trabalhadores com renda tributável mensal inferior a R$ 1.903,98. Em resumo, a cada ano um contingente maior de trabalhadores deixam de ser isentos e passam a figurar entre aqueles que têm de recolher o tributo.
A correção da tabela do IR é uma bandeira antiga defendida pela Força Sindical e entidades filiadas. Corrigir o IR é uma forma justa de distribuir renda e melhorar a vida de milhões de trabalhadores.
Sendo assim, nossa Central vai intensificar a pressão para que aconteça uma correção acertada na tabela do IR, e acredita na sensibilidade social do governo para corrigir esta grande injustiça. Os trabalhadores não podem ser, sempre, as maiores vítimas da sequência de desacertos econômicos promovida pelo Planalto.
Queremos que a correção da tabela do Imposto de Renda aconteça, mas que seja uma medida coerente, justa e que vá ao encontro dos anseios daquilo que os trabalhadores almejam. Esta perda indecorosa no já minguado salário da grande maioria dos trabalhadores tem de ser sanada de imediato. Protelar esta ação, ou mascará-la com uma correção “para inglês ver”, é dar continuidade à arbitrariedade e seguir alimentando a desigualdade social.
João Carlos Gonçalves – Juruna
Secretário-geral da Força Sindical e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo