No ano passado, foram criadas 1,11 milhão de vagas formais.
Na comparação com 2012, houve queda de 14,1%, diz governo.
Alexandro Martello
A criação de empregos com carteira assinada em 2013 teve o pior resultado em dez anos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta terça-feira (21) pelo Ministério do Trabalho.
O ano passado somou 1,11 milhão de vagas formais criadas. Na comparação com 2012, quando foram gerados 1,3 milhão de postos, houve uma queda de 14,1%, informou o governo federal.
Os empregos em 2013 também ficaram distantes do recorde histórico de 2,54 milhões apurado em 2010. Em relação aos últimos 10 anos, o resultado superou apenas os de 2003, quando foram criadas 821 mil vagas de emprego com carteira assinada.
Apesar de os números serem ruins, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, destacou a geração de mais de um milhão de empregos formais na economia brasileira no ano passado, ao mesmo tempo em que, segundo ele, milhões de trabalhadores estão sendo demitidos por conta da crise financeira internacional em outros países.
A expectativa do ministro do Trabalho é de aceleração na criação de empregos formais em 2014. Em sua visão, serão criados de 1,4 milhão a 1,5 milhão de vagas com carteira assinada neste ano.
Crise financeira
A queda acontece apesar de o governo ter tomado, nos últimos anos, medidas para estimular a economia brasileira e, também, a criação de vagas formais. Entre estas medidas estão as desonerações da folha de pagamentos, a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para empréstimos de pessoas físicas e as desonerações da linha branca e dos automóveis.
No ano passado, porém, o governo teve de reverter parte dos e
stímulos para conter a inflação. Por isso, o Banco Central subiu os juros de 7,25% para 10% ao ano no decorrer de 2013, e autorizou nova elevação, para 10,5%, neste mês.
O resultado da criação de empregos formais no ano passado, segundo economistas, também é influenciado pela crise financeira internacional, que tem mostrado efeitos na Europa, ao mesmo tempo em que a China tem registrado expansão inferior aos últimos anos. Nos Estados Unidos, há sinais do início de uma aceleração da economia.
“Tudo hoje está globalizado. Estamos conseguindo ainda o milagre de não sermos afetados por esta onda de desemprego no mundo inteiro”, afirmou o ministro do Trabalho. “Apesar da desaceleração [na geração de vagas formais em 2013], o mercado formal vem apresentado maior dinamismo, por cinco meses consecutivos, frente ao mesmo mês do ano anterior. O que nos dá indicativos de que vamos continuar crescendo neste ano (…) O Brasil é a vedete. Outros países querem saber como estamos criando tantos empregos”, declarou.
Setores em queda
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços liderou a criação de empregos formais no ano passado. No entanto, o total de 546.917 postos abertos foi menor que os 666.160 de 2012. Na indústria de transformação, houve alta: 126.359 trabalhadores foram contratados com carteira assinada em 2013 contra 86.406 no ano anterior.
Houve queda em outros setores. A construção civil contratou 107.024 trabalhadores com carteira assinada em 2013 contra 149.290 em 2012. O setor agrícola gerou 1.872 empregos no último ano; em 2012 foram 4.976. O comércio abriu 301.095 vagas formais em 2013 contra 372.368 no ano anterior.
Distribuição por região
Considerando a distribuição de vagas entre as regiões do país, o destaque foi o Sudeste, com 476.495 postos formais abertos no ano passado, número menor que as 655.282 vagas abertas em 2012. Em segundo lugar, aparece a Região Sul, com 257.275 empregos criados, mais do que os 234.355 no ano anterior.
A Região Centro-Oeste abriu 127.767 postos de trabalho no último ano, contra 150.539 em 2012. A Região Nordeste criou 193.316 vagas formais em 2013, contra 190.367 no ano anterior, enquanto o Norte abriu 62.318 empregos com carteira assinada em 2013, menos que os 71.299 empregos em 2012.
Salário de admissão
O ministério informou ainda que os salários médios de admissão registraram uma alta real (acima da inflação) de 2,59% em 2013, passando de R$ 1.076,23 em 2012 para R$ 1.104,12 no último ano. O crescimento, entretanto, foi menor do que os 4,69% apurados em 2012.