A crise causou perda de receita, fechamento de 2.085 indústrias brasileiras e demissão de 400.836 trabalhadores em um ano, na comparação entre 31 de dezembro de 2016 e a mesma data de 2015. As demissões foram gerais, em 26 dos 29 setores estudados. As maiores demissões percentuais foram na área de atividades de apoio à extração de minerais (-23,2%, que inclui serviços como prospecção e análise de amostras) e na fabricação de equipamentos de transporte (-18,7%).
Os dados são da Pesquisa Industrial Anual, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números são de dois anos atrás, mas só foram divulgados nesta quinta-feira (21) pelo IBGE porque esses estudos demoram a ser feitos pelo órgão.
A indústria encerrou 2016 com 321.186 unidades no país e 7,742 milhões de postos de trabalho ativos.
A receita líquida do setor somou R$ 2,82 trilhões em 2016. É um aumento de 0,6% sobre 2015, quando foram movimentados R$ 2,8 trilhões; mas, considerada a inflação, o resultado também saiu no negativo. O IPCA, índice oficial de preços do IBGE, registrou alta de 6,29% naquele ano.
Setores como carros e roupas movimentam 95% da receita
Responsável por 95% da receita, a indústria da transformação encerrou 2016 com 315.549 empresas em funcionamento, 708 a menos que em 2015. Além disso, reduziu em 4,8% sua força de trabalho, encerrando o ano com 7,55 milhões de pessoas empregadas, ou 377.880 a menos que um ano antes.
A receita da indústria de transformação, que inclui importantes empregadores como os setores de carros, roupas e alimentos, cresceu 0,7% em 2016, para R$ 2,7 trilhões. O aumento, porém, também foi inferior ao avanço da inflação.
Petróleo ganhou receita, mas demitiu
A indústria extrativa, por sua vez, composta pelas atividades de exploração de carvão, petróleo e minerais em geral, teve uma redução de 1,69% na receita líquida, para R$ 115,6 bilhões.
Dentre suas atividades, o setor de apoio à extração de minerais foi o que mais sofreu, com queda de 29,7% na receita, para R$ 12,5 bilhões, seguido pela extração de carvão, com redução de 16,8% (para R$ 1,2 bilhões).
Por outro lado, a exploração de petróleo e gás viu sua receita líquida crescer 12,3%, para R$ 24 bilhões, de acordo com o IBGE. Ainda assim, também está entre os setores que perdeu trabalhadores: saiu de 3.025 pessoas em 2015 para 2.960 em 2016.
No total, um quinto das empresas da indústria de extração desapareceu –eram 7.014 em 2015 e chegaram a 5.637 em 2016–, e 11% dos postos de trabalho foram eliminados, um universo de 23 mil pessoas a menos. A indústria extrativa encerrou 2016 com 192 mil trabalhadores ativos.
Demissões generalizadas
O enxugamento nos postos de trabalho foi praticamente generalizado na indústria. Dos 29 setores categorizados pelo IBGE, 26 reduziram seus quadros em 2016.
As maiores demissões, proporcionalmente, aconteceram nas atividades de apoio à extração de minerais, que dispensou 23,3% de sua força de trabalho (para 28,1 mil postos), na indústria de equipamentos de transportes (-18,7%, para 90,4 mil postos) e na produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (-17%, para 173,6 mil postos).
Os únicos setores da indústria que contrataram em 2016, em relação a 2015 foram o de couros e artigos para viagem e calçados (alta de 0,48%, para 363 mil trabalhadores), produtos alimentícios (+0,75%, para 1,7 milhão) e fumo (+ 2,1%, para 18,2 mil). O setor alimentos foi o maior empregador da indústria nacional em 2016.