Se não houver nova proposta, chance dos trabalhadores cruzarem os braços é grande. Prazo legal de 48 horas para greve já foi votado e aprovado pelos metalúrgicos
Se as unidades da Bosch e da CNH, localizadas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) não apresentarem nessa semana uma nova proposta de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), a chance de paralisação já na próxima sexta-feira (17) é grande. Em ambas as empresas os metalúrgicos já aprovaram, em assembleia, o prazo legal de 48 horas para realizar greve. A decisão de paralisar as plantas vai ocorrer em assembleia, em frente às fábricas, nesta sexta, (17), na Bosch às 5h00 (1º e 3º turnos) e às 14h00 (2º turno), e na CNH às 6h30 (assembleia única).
Na Bosch o caso é mais crítico
Os 4,6 mil trabalhadores da Bosch rejeitaram nesta quarta-feira (15) a proposta de PLR 2011 apresentada pela empresa e aguardam nova proposta. Ela previa R$ 4.600 para 100% das metas, com o adiantamento da 1ª parcela de R$ 3.900, paga em junho. Como objetivo de disfarçar o baixo valor em comparação a empresas locais e de menor porte, a multinacional cogitou na proposta o valor de R$ 6 mil para 130% das metas, o que, em face ao rigor das metas, e em comparação ao histórico dos anos anteriores, é completamente inatingível.
A reivindicação dos trabalhadores é uma PLR de R$ 9 mil, com antecipação da 1ª parcela de R$ 5 mil. Os metalúrgicos apontam que empresas de porte bem menor já fecharam uma PLR bem superior ao valor oferecido pela multinacional. Alguns exemplos são a Seccional, empresa metalúrgica local, que com apenas 60 trabalhadores, fechou um acordo de PLR de R$ 8 mil para 100% das metas; da Cabs, que, também com 60 trabalhadores, irá pagar uma PLR de R$ 7 mil e da JTek, autopeças de São José dos Pinhais que, com 360 trabalhadores, fechou um acordo de PLR de R$ 6.411. Empresas do setor instaladas no PR e com o mesmo porte da Bosch – como Renault, Volvo e Volks – vêm fechando acordos de PLR na faixa R$ 12 mil a R$ 15 mil. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka, nos últimos anos a PLR da Bosch não foi reajustada proporcionalmente ao crescimento dos lucros da empresa. “Uma empresa que teve mais de R$ 4,5 bilhões de lucros no ano passado no Brasil tem condições de aumentar a PLR dos trabalhadores”.
A fábrica da Bosch, localizada na Cidade Industrial de Curitiba, produz bombas injetoras para sistemas a diesel. A empresa possui mais três plantas no Brasil: duas em Campinas (SP) e uma em Aratu (BA), as quais empregam que empregam 6,6 mil trabalhadores. As unidades instaladas no país fabricam produtos e presta serviços automotivos para montadoras e para o mercado de reposição, ferramentas elétricas, sistemas de segurança, termotecnologia, máquinas de embalagem e máquinas industriais. Em 2010, os lucros da Bosch mundial chegaram a R$ 118 bilhões.
Case New Holland
Os trabalhadores da Case New Holland rejeitaram a proposta da empresa apresentada na última terça-feira (14) e também deram ultimato de 48 horas para que a proposta seja melhorada. A CNH ofereceu um benefício com valor total de R$ 7,5 mil para 100% das metas e de R$ 6,5 mil para 90% das metas aos trabalhadores horistas. Aos metalúrgicos mensalistas, a empresa ofereceu R$ 6,5 mil para 100% das metas. A primeira parcela seria de R$ 5 mil para ambas as partes com pagamento em junho. Os trabalhadores não aceitaram a proposta, com o argumento de que empresas com um número menor de trabalhadores fecharam acordos de PLR com um valor maior do que o apresentado pela empresa.
A CNH está localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), possui cerca de 1,8 mil trabalhadores e produz máquinas agrícolas. Na planta de Curitiba são produzidos 75 tratores e 10 colheitadeiras por dia. Dos tratores, 30% são para exportação e 70% para o mercado interno. Das colheitadeiras, 20% são exportadas e 80% são vendidas no Brasil. O valor de mercado das máquinas produzidas pela CNH varia de R$ 75 mil a 1,5 milhão.A empresa possui mais duas fábricas no País: uma em Sorocaba-SP, que tem uma produção diária de quatro máquinas agrícolas, e outra em Piracicaba-SP, que produz 12 máquinas por dia. O principal mercado de exportação da empresa é a Argentina.