Sindicatos já dispensaram mais de 6 mil trabalhadores formais
Os sindicatos de trabalhadores empregavam cerca de 110 mil funcionários com carteira assinada em dezembro de 2016, último dado disponível para o estoque de empregos no setor segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Essas entidades haviam registrado um saldo negativo de cerca de 1,3 mil empregos formais nos anos de auge da crise, entre 2014 e 2016.
Já no período de 12 meses até maio deste ano, foram 5,9 mil demissões líquidas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) a pedido do Valor. A reforma trabalhista foi aprovada na Câmara em abril de 2017 e no Senado em julho, entrando em vigor em novembro do ano passado.
Nos sindicatos patronais, o comportamento das demissões foi diferente. Essas organizações empregavam cerca de 33 mil funcionários em dezembro de 2016, pelos dados da Rais. O auge das dispensas nessas entidades aconteceu em meados daquele ano, com saldo negativo de 1,2 mil vagas em 12 meses até setembro de 2016.
Como aqui o ajuste aconteceu mais cedo, sob efeito da perda de receita das empresas na crise, agora a “gordura” para queimar é menor. Em 12 meses até maio deste ano, as entidades patronais acumulam 256 demissões líquidas.
Conforme dados preliminares do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os sindicatos patronais receberam este ano menos de 30% do valor arrecadado com imposto sindical em 2017. Já as organizações laborais perderam quase 90% desta fonte de receita.
“Como havia uma expectativa em relação ao julgamento do STF e o resultado foi negativo, daqui para a frente, as demissões devem se intensificar”, diz José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O especialista lembra que as demissões podem ser ainda mais numerosas do que aquelas mensuradas pelo Caged, pois as entidades sindicais gerariam três empregos indiretos para cada trabalhador diretamente contratado. Além disso, fatores como a incorporação tecnológica e o trabalho intermitente, também introduzido pela reforma, tendem a reduzir a base dos sindicatos, o que deve contribuir para um redesenho do sindicalismo brasileiro.
Com 65% a 75% de sua receita dependente de recursos vindos dos sindicatos – e o restante de contratos com governos e órgãos públicos que vêm minguando desde o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 – o Dieese também tem reduzido seus quadros. “Estamos projetando uma queda da receita sindical da ordem de 30%”, afirma Silvestre. Segundo ele, o Dieese já dispensou cerca de 90 funcionários, contando hoje com algo em torno de 230.