São Paulo é o Estado que apresentou a maior diferença no levantamento que compara os ganhos entre gêneros: as mulheres receberam, em média, salário equivalente a pouco mais de 80% da remuneração masculina.
LAÍS ALEGRETTI
DE BRASÍLIA
Próximo a esse patamar também estão Rio de Janeiro, Santa Catarina e Espírito Santo.
Na avaliação do coordenador-geral de estatísticas do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, uma razão para a disparidade estaria no perfil do mercado de trabalho e em como é ocupado.
Segundo ele, mulheres estão mais presentes nos setores de comércio e serviço; homens, na construção civil e na indústria de transformação.
“São Paulo tem a economia mais dinâmica e moderna do país. Nesse caso, tem peso grande da indústria de transformação, que, em geral, tem salário maior que o comércio”, afirma Magalhães.
Estados do Nordeste e do Norte estão no extremo oposto: têm as menores diferenças. Destacam-se Pará, onde as mulheres ganham o equivalente a 98,2% do salário dos homens, e Alagoas, onde a relação é de 96,9%.
Nesse caso, a equidade é explicada pelo fato de o levantamento considerar o emprego formal, que nessas regiões tem importante participação do setor público, em que cargos e salários são definidos em concurso.
SUPERAÇÃO
No setor privado do Nordeste, o mercado pode ser duro com as mulheres, diz Maria do Amparo Xavier Santos, 62, que atua nas obras do metrô de Salvador, na Bahia.
Ela começou a trabalhar na construção civil na adolescência, aos 14 anos. Foi servente, carpinteira, eletricista, armadora. Aos 34, tornou-se a primeira mulher mestre de obras na Bahia, chegando a comandar equipes com mais de 200 operários.
“Foi muito difícil. Quando procurava trabalho, diziam que vaga para mulher era só para lavar o banheiro da obra”, afirma.
Para crescer na profissão, concluiu os estudos e faz cursos técnicos. Mesmo assim, diz que ganhava menos que os colegas homens e chegou a ser discriminada por um dos chefes. Buscou reparação na Justiça e venceu o processo por assédio moral.
Nos últimos anos, dedica-se a inserir mulheres na área da construção. Foram mais de 1.500. Mas não viu nenhuma outra ascender ao mesmo cargo. “Fui a primeira e sou a única”, diz ela.
Colaborou JOÃO PEDRO PITOMBO
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