MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
Ao anunciar nesta terça-feira (3) um novo pacote de incentivos à economia, a presidente Dilma Rousseff cobrou a redução do chamado spread bancário e dos juros. Segundo a presidente, “é difícil” encontrar explicações para o nível dos spreads no país. Ela afirmou ainda que uma diminuição pode elevar a qualidade do setor produtivo.
O spread bancário é a diferença entre a taxa de captação [o que os bancos pagam pelos recursos] e o valor cobrado dos clientes, em termos de taxas de juros. O spread é composto por lucros dos bancos, taxa de inadimplência, custos administrativos, depósitos compulsórios e pelos tributos, entre outros.
“Eu concordo que é necessário fazer no Brasil a discussão sobre os spreads. Eu acho que tecnicamente, não faço considerações políticas, é difícil achar explicações para os níveis de spreads no Brasil”, disse.
E completou: “Queremos sim juros e spreads menores no Brasil. Com isso, as empresas vão poder investir na expansão da produção, na modernização de seu processo produtivo”.
Em um discurso repleto de falas em defesa da empresa nacional, a presidente disse que não seu governo “não vai abandonar a indústria nacional”. Dilma destacou ainda que os incentivos ao setor automotivo não representam protecionismo, mas uma valorização do setor nacional.
Dilma elogiou a desoneração da folha de pagamento para 15 setores. “Optamos pela redução e desoneração tributária na folha de pagamento sem prejuízo ao empresário nem ao trabalhador. Não estamos apenas reduzindo a informalização do trabalho, gerando empregos, desonerando o empresário e criando incentivos claros para uma desoneração completa das exportações. Com isso definimos formas de tributação mais adequadas ao fluxo de receitas das empresas”, disse.
Ela afirmou que as medidas anunciadas hoje não representam o fechamento da economia nacional e votou a criticar o modelo adotado por países ricos para se defenderem da crise financeira.
De acordo com o governo, a indústria foi o setor da economia mais afetado pelo agravamento da crise financeira internacional. Com o real valorizado, os produtos nacionais ficaram mais caros no mercado internacional.
Os países ricos ainda procuraram mercados internos mais aquecidos, como o brasileiro, para vender seus produtos, o que tem impacto significativo, tendo em vista que essas mercadorias chegam com preços bem inferiores.