Mais uma prova de que a presidente age com descaso para com as reivindicações do movimento sindical e dos trabalhadores ficou evidenciada na matéria “Dilma rebate críticas sobre suposta falta de diálogo”, publicada na Folha de S. Paulo (“Poder”), nesta sexta-feira, 9 de maio.
Em 2010, recebemos no Palácio do Trabalhador, sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a então candidata à presidência da República, que se comprometeu a encampar a nossa Pauta Trabalhista, que prevê o fim do Fator Previdenciário e a redução constitucional da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais sem redução de salário.
Dilma, além de não cumprir este compromisso e sequer discutir com o movimento sindical, foi aplaudida, conforme a matéria da Folha, em palestra a empresários, ao dizer que é contra as 40 horas porque o cenário é de “quase pleno emprego”.
Não surpreende que tenha sido aplaudida. Difícil seria ela dizer isto para uma plateia de trabalhadores; certamente seria vaiada. Mas isso ela nunca teve a coragem de fazer. A cada dia que passa a presidente se afasta mais dos trabalhadores brasileiros.
Não entende a presidente, ou finge desconhecer, que a redução da jornada não é somente para gerar emprego. Se adotada no País, a medida contribuirá para diminuir os acidentes e doenças do trabalho (diminuindo gastos do INSS e das empresas), aumentar a produtividade e proporcionar à classe trabalhadora mais tempo para a qualificação profissional, lazer e convívio familiar.
Acreditamos ainda que, com uma jornada menor, as empresas poderão otimizar os turnos de trabalho, contribuindo para melhorar o trânsito, a mobilidade urbana e a qualidade de vida nas grandes cidades, que fazem parte do amplo leque de reivindicações da sociedade brasileira.
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
(São Paulo, SP)