Maurício Savarese
Do UOL Notícias, em São Paulo
Ao levar a mensagem do Poder Executivo ao Congresso, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (2) que encaminhará aos parlamentares uma proposta para concessão de reajustes anuais ao salário mínimo. Sem dar mais detalhes, ela deu a sinalização em meio à disputa com membros da base aliada que desejam aumentar o mínimo para até R$ 580 neste ano, enquanto o Palácio do Planalto estipula R$ 545.
“Trabalhadores terão ganhos reais”
Dilma também prometeu erradicar a pobreza e enumerou medidas que espera tomar em seu governo, como fez em todos os seus pronunciamentos desde a diplomação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ainda antes da posse como presidente. Também estavam presentes ministros de Estado e Cézar Peluso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e Ricardo Lewandowski, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Depois de ser apresentada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Dilma deu o primeiro sinal sobre a posição no salário mínimo. “A superação da pobreza extrema e a ampliação da oportunidade para todos os brasileiros não constituem ato voluntarista”, disse ela. “Não permitiremos sob nenhuma hipótese que a inflação venha a corroer nosso tecido econômico e penalizar os mais pobres.”
Mais tarde, foi mais enfática ao dizer que quer “instituir regras estáveis que permitam continuidade da politica macroeconômica” e que, por isso, encaminhará uma “proposta de longo prazo de reajuste do salário mínimo”. “Queremos a manutenção de regras estáveis que permitam ao salario mínimo recuperar seu poder de compra. É um pacto deste governo com os trabalhadores”, disse.
A presidente disse também que essa fórmula para cálculo do salário mínimo deverá conter “ganhos reais sobre a inflação e compatíveis com a capacidade financeira do Estado brasileiro”. Deputados ligados ao sindicalismo e outros insatisfeitos com a divisão de cargos no governo têm indicado disposição de derrotar a proposta de Dilma no Congresso e elevar o salário mínimo acima de R$ 545.
Harmonia e reforma política
Dilma foi aplaudida duas vezes pelos parlamentares ao falar sobre a necessidade de uma reforma política. Mais cedo, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que o assunto será discutido neste ano pelo Congresso e que deve haver mudanças em fatias. A presidente evitou se comprometer com qualquer item, mas disse querer trabalhar em harmonia com os poderes para conseguir o objetivo.
A petista afirmou ter tido boa relação com o Congresso durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ocupou os cargos de ministra de Minas e Energia e, mais tarde, da Casa Civil. A presidente disse que além do apoio dos parlamentares buscará trabalhar com todos os níveis de governo para buscar melhorias em especial nas áreas de saúde, educação e segurança.
Dilma lembrou a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, que matou mais de 800 pessoas no início deste ano, e repetiu a necessidade de um sistema que evite tragédias. “Nenhum país é imune aos riscos de tragédias naturais. Mas no Brasil não iremos e não podemos esperar as próximas chuvas para chorar as próximas vítimas”, disse.
“Durante décadas criou-se uma cultura em que a Defesa Civil trabalhava com focos em emergência. O que aconteceu na região serrana do rio mostra que isso não pode continuar”, completou.