Dirigentes sindicais iniciam Jornada Nacional de Debates sobre reforma do imposto de renda

Foto: Jaélcio Santana

Entre agosto e setembro de 2025, o DIEESE e centrais sindicais vão promover a Jornada Nacional de Debates sobre a reforma do Imposto de Renda. Com o tema “Reforma do Imposto de Renda: um passo para justiça tributária”, os encontros ocorrerão presencialmente em 17 capitais brasileiras.

O evento nacional foi realizado em São Paulo, na quinta-feira, 7 de agosto de 2025, na Escola DIEESE de Ciências do Trabalho, no centro da capital paulista. As inscrições foram gratuitas e abertas ao público, que pôde participar por meio de formulário disponibilizado no site oficial do DIEESE.

A Jornada tem como objetivo ampliar o debate público sobre justiça fiscal e combater distorções que penalizam os trabalhadores de renda mais baixa. Durante o evento, os participantes destacaram a urgência de reequilibrar o sistema tributário e taxar lucros e dividendos de forma mais justa.

A diretora-executiva do Dieese, Adriana Marcolino, reforçou a importância da atualização da tabela do Imposto de Renda como um primeiro passo para melhorar a distribuição de renda no País.

Adriana explicou que os mais ricos se apropriam de uma fatia muito maior da renda nacional em comparação com os mais pobres. “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. A estrutura tributária, em vez de corrigir, aprofunda essa desigualdade”, apontou.

Ela destacou que a tributação atual cobra proporcionalmente mais dos pobres e menos dos ricos, o que distorce a lógica da justiça fiscal e defendeu a revisão de impostos sobre renda e propriedade.

“Precisamos tributar propriedade rural e heranças. Atualizar a tabela do IR é um primeiro passo fundamental”, concluiu.

Sindicalistas defendem atualização do IR

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), representou a central e reforçou a importância do debate para o movimento sindical.

“Precisamos construir um sistema mais justo. Quem trabalha não pode continuar pagando mais impostos que quem vive de renda e especulação”, afirmou Juruna.

De acordo com Juruna, a reforma do IR deve fortalecer o papel do Estado na redução das desigualdades e no financiamento de políticas públicas.

A vice-presidente da CUT, Juvandia Moreira alertou:

“Ou nós nos mobilizamos, ou sequer manteremos o que já conquistamos.”

Ela criticou a oposição ao governo federal, que rejeita a taxação dos mais ricos — aqueles com rendimentos anuais de R$ 600 mil — para compensar a perda de arrecadação com a redução do imposto para quem ganha menos.

De acordo com Juvandia, a taxação do andar de cima é urgente.

“Não basta isentar o andar de baixo. Caso contrário, eles vão cortar recursos de outras áreas sociais, como saúde, educação ou o Bolsa Família, pois certamente não tirarão dos super ricos”, afirmou.

Ela também denunciou a desigualdade na tributação. “Os ricos recebem lucros e dividendos sem pagar nada, enquanto o trabalhador paga cerca de 5,5% de imposto sobre a PLR”, destacou.

A Nova Central Nacional contou com a presença de Nailton Francisco de Souza (Porreta), presidente eleito da central em São Paulo, que representou o companheiro Moacyr Roberto Tesch Auersvald durante o evento.

Na ocasião, Nailton destacou com firmeza o protagonismo do movimento sindical na luta pela isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com renda mensal de até cinco mil reais.

“Assumimos essa bandeira em 2022, quando protocolamos esse pedido ao então candidato Lula durante a CONCLAT. Agora, como presidente, ele vem articulando a proposta no Congresso, mesmo diante de uma correlação de forças desfavorável”, relembrou Nailton.