Folha de S.Paulo
Câmbio tem dia de pouco negócios
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
O mercado de câmbio teve pouquíssimos negócios ontem com o dólar ameaçando passar de R$ 2. O novo patamar preocupa especialmente empresas importadoras e com compromissos no exterior que não contavam que o dólar subisse tão rápido.
Desde o dia 27, a moeda subiu 9,46% -de R$ 1,81 até R$ 1,99, fechamento de ontem.
Segundo o diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme, essas empresas podem ter dívidas de até R$ 14 bilhões, com pouco ou nenhuma proteção contra variações bruscas da moeda estrangeira.
Para evitar perdas com a oscilação do dólar, as empresas compram contratos na BM&FBovespa que funcionam como um seguro.
Se o dólar sobe acima de sua previsão, elas ganham na Bolsa o dinheiro equivalente ao que teriam perdido com a variação cambial indesejada, zerando (ou reduzindo) eventuais prejuízos.
Hoje, as empresas mais expostas são pequenos varejistas, comerciantes, fabricantes de autopeças e máquinas, que têm dificuldades para fazer a um custo baixo essas operações de proteção.
Ontem, só quem tinha urgência para fechar negócio, como empresas com dívidas em dólar vencendo, comprou a moeda americana.
“Como o dólar subiu muito, o mercado trava. Não tem quase nada de negócios. As pessoas estão pensando duas vezes antes de se comprometer com uma taxa dessa”, disse José Roberto Carreira, gerente da Fair Trade.
O dólar chegou a passar de R$ 2 durante a tarde, mas uma expectativa frustrada de que o Banco Central vendesse a moeda fez o preço baixar. Operadores reclamam que as intervenções do BC se tornaram mais imprevisíveis, causando mais estresse do que neutralizando a tensão.
DÓLAR DE EQUILÍBRIO
Para representantes dos exportadores e de setores da indústria, o patamar de R$ 2 ainda não é suficiente.
A associação de exportadores quer o dólar a R$ 2,20 para tornar o país competitivo no exterior. Valor semelhante foi sugerido pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.
Colaborou o Rio