Essa foi a essência de grande parte dos discursos feitos ontem em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Faltando cerca de duas semanas até que as novas regras entrem em vigor, a reforma trabalhista ainda traz discussões acaloradas. Do lado dos simpáticos às mudanças, o objetivo tem sido desconstruir o argumento de que o texto, sancionado em julho pelo presidente Michel Temer, é “inconstitucional”. Essa foi a essência de grande parte dos discursos feitos ontem em evento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), inclusive pelo relator da lei na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que afirmou haver um “claro processo de sabotagem” por parte de juízes, desembargadores e auditores do Trabalho que se recusam a aceitar as alterações.
No mesmo sentido, o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, afirmou que as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) vão desestimular “aventuras judiciais” e “suprir lacunas” da legislação atual, que geram muita “insegurança jurídica”. Segundo ele, “o que acabava acontecendo era a aplicação de princípios genéricos para estabelecer obrigações concretas”, o que violava a Constituição Federal.
Gandra defendeu ainda a espinha dorsal da reforma, que é a sobreposição dos acordos coletivos em relação à lei. “O trabalhador e o empregador é que sabem onde aperta o sapato. Não adianta querer oferecer um terno de tamanho geral para todo mundo. Cada um vai ter que ajustar a manga de um jeito. É isso que se faz pelo acordo coletivo”, comparou.
Ao Correio, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, vinculado à Força Sindical, afirmou que o movimento dos trabalhadores não é contrário a atualizações da lei trabalhista. O problema, na opinião dele, foi a falta de diálogo antes da aprovação do texto. “Não houve discussão com a sociedade. Os debates foram só para preencher formalidades”, reclamou.