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Novos hábitos vão mudar cara da inflação

Serviços como Netflix, Uber, Spotify entraram na vida – e no orçamento – de parte das famílias brasileiras nos últimos anos, mas permanecem de fora da cesta de consumo usada para medir a inflação oficial do país.

Atualizada pela última vez entre 2008 e 2009, essa cesta de bens e serviços consumidos pelas famílias exibe ainda itens cada vez mais obsoletos, desde “locação de DVD” à compra de “CD e DVD”, além de “filmadora”.

A boa notícia é que a distância entre esses novos hábitos e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que orienta o sistema de metas de inflação, poderá ser eliminada a partir do ano que vem, quando serão publicados os resultados da Pesquisa Orçamentária Familiar (POF) 2017/2018 – pesquisa do IBGE que mede o perfil de consumo das famílias e orienta pesos de bens e serviços no índice de inflação.

Segundo André Martins, gerente da POF, a pesquisa está em campo desde junho do ano passado. No fim de março, 56 mil domicílios haviam sido abordados pelos agentes do IBGE, 74% dos 75 mil domicílios previstos em 1.900 municípios. Ele diz que mil pessoas estão envolvidas na realização da POF, a primeira do instituto a usar tablets para preencher questionários.

“A pesquisa vai captar tendências como TV com programação sob demanda, consumo de aplicativos para celular. O questionário também vai captar mais detalhadamente os gastos com animais de estimação. Toda essa coleta será concluída em junho. Os resultados serão disponibilizados no início de 2019”, disse o gerente da POF, acrescentando que a taxa de rejeição – domicílios que não quiseram ou não puderam participar da pesquisa – está em 10%, dentro dos padrões.

A Pesquisa de Orçamento Familiar foi a campo pela última vez há quase dez anos, entre 2008 e 2009 – embora a recomendação internacional seja de realizá-la a cada cinco anos. O atraso tem origem na histórica restrição orçamentária do IBGE. No Reino Unido, que realiza a pesquisa a cada ano, o índice incorporou há mais de três anos itens como “streaming” de vídeos e cigarros eletrônicos.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, o IBGE não acompanha o comportamento de preços desses serviços da nova economia digital. Até porque seria inútil acompanhá-los, já que o IBGE não sabe quanto eles pesam no orçamento das famílias para lançá-los no IPCA. O índice mede preços de bens e serviços consumidos por famílias com renda mensal de um a quarenta salários mínimos.