A terceirização irrestrita será lucrativa para o empregador. Para o empregado, no entanto, se trata de mau negócio. Quem explicita essa condição é o Dieese, por meio da Nota Técnica 172 – “Terceirização precariza relações de trabalho”. Acesse aqui
A Agência Sindical conversou com a economista Regina Camargos – ela coordenou no Dieese grupo de trabalho que elaborou o estudo. Participaram também os técnicos Antonio Ibarra e Adriana Marcolino.
Para a economista, terceirização está associada à rotatividade alta e a baixos salários. “A empresa que presta serviço é obrigada a se adequar às condições econômicas da contratante. Se quem contrata pede desconto, a terceirizada, pra não perder o contrato, aceita e faz os seus ajustes, demitindo parte do quadro e contratando outros empregados com salários mais baixos. Com a taxa de desemprego alta, muitos trabalhadores aceitam valores reduzidos”, explica.
Ela sublinha ainda que o projeto, aprovado no atropelo para atender o governo, entra em conflito com a PEC 287, supostamente essencial para dar equilíbrio às contas da Previdência.
“Se o governo diz que há déficit na Previdência, que precisa arrecadar mais, esse PL é totalmente avesso a essas pretensões. Ele reduz arrecadação, pois gera desemprego e diminui salários. Com desemprego, a Previdência é afetada. Com baixos salários, o consumo cai, a produção cai e a arrecadação de impostos também encolhe”, diz.
O estudo se baseia na Rais (Relação Anual de Informações Sociais), com base no ano de 2014. Alguns dados:
• A taxa de rotatividade descontada é duas vezes maior nas atividades tipicamente terceirizadas (57,7%, contra 28,8% nas atividades tipicamente contratantes);
• Nas tipicamente terceirizadas, 44,1% dos vínculos de trabalho foram contratados no mesmo ano, enquanto nas tipicamente contratantes o percentual foi de 29,3%;
• 85,9% dos vínculos nas tipicamente terceirizadas tinham jornada entre 41 e 44 horas semanais. Nos setores tipicamente contratantes, a proporção era de 61,6%;
• Salários pagos nas atividades tipicamente terceirizadas fora do Sudeste eram menores, o que reforça as desigualdades regionais;
• Afastamentos por acidentes de trabalho típicos nas atividades tipicamente terceirizadas são maiores do que nas atividades tipicamente contratantes: -9,6% contra 6,1%;
• Salários nas tipicamente terceirizadas eram, em média, 23,4% menores do que nas tipicamente contratantes (R$ 2.011,00 contra R$ 2.639,00).
Mais informações: www.dieese.org.br