Fale com o Presidente Miguel Torres
11 3388.1073 Central de Atendimento 11 3388.1073

Editorial: Importação irresponsável

A indústria importa cada vez mais produtos. Além de crescente, a pauta é cada vez mais diversificada, incluindo de aço e máquinas e equipamentos da Ásia a autopeças e pneus. Essa avalanche de produtos importados era previsível como consequência da política cambial equivocada adotada pelo País, mas está assumindo proporções cada vez mais preocupantes.
Estão acontecendo, com o beneplácito do governo federal, importações de itens de ferramentaria usados, por exemplo. Esses produtos vêm principalmente da Ásia, a preços reduzidíssimos, já que se trata de produto usado.
A princípio, as importações são bem-vindas, pelo que podem trazer de inovação e de suprimento do mercado em casos excepcionais de falta de produto. No entanto, o que está acontecendo com a indústria é injustificável. Importar produtos usados que têm equivalente nacional não tem lógica e representa um sério risco aos consumidores. Quem pode garantir que esses produtos não representam um perigo para o consumidor? Que garantia se tem de que essas peças não vão significar a fabricação de produtos que colocarão em risco seus compradores? São produtos que se candidatam a engrossar a já longa fila de recalls – que nos últimos tempos são cada vez mais comuns, não por coincidência depois que se intensificou a importação de produtos de qualidade duvidosa.
É preciso pôr um fim a essa distorção. E não se trata de medida a ser postergada até o ano que vem, quando assumirá o novo governo. A indústria brasileira merece um tratamento mais sério por parte do governo, que precisa reunir informações – que estão disponíveis – para saber em que casos é necessário importar. Usar a importação apenas como arma para combater a inflação é um equívoco pelo qual o País está pagando um preço alto demais.
Construímos um parque industrial grande e diversificado, no qual se investiram bilhões de reais de dinheiro dos empresários e do governo. Esse dinheiro não pode ser jogado pela janela apenas para atender um limitado número de empresas e de setores, sob a desculpa de que se está combatendo a inflação. O problema é muito sério para ser tratado com tamanha irresponsabilidade. O País espera providências imediatas para evitar que esse mal se alastre.